Todo dia eu acordo com o lápis
de ponta fina e cabeça de borracha alinhado ao meu caderno de capa dura me
olhando de revés, apenas esperando minhas ordens para começar a trabalhar não
importando se estou desperta, de olhos bem abertos, com sorriso nos lábios e
pés na areia. Para ele, enfileirado e aprumado, se houver algum sinal que não é
isto que está se passando na minha cabeça se inicia a revolta dos soldados de
grafite que acabam se atirando no chão quebrando o caprichoso preparo da manhã
comunicando que não há espaço para distrações enquanto o tempo ruge como um
leão.
Já perdi as contas de quantas
vezes, mesmo estremunhada, sentei-me e me dispus a observar a Vida teimosa e
airosa que se acomoda logo ali em frente, assim que a noite se pinta de cor de
rosa, chama o sol, o vento, a maresia e quem mais por ali estiver disposto a se
aprumar, agindo em conluio com os agentes grafitados.
Neste dia não foi diferente porque
a temporada do morno, da leveza e da brisa fraca embalando a espuma do mar,
está em pleno vigor, deixando todo o entorno sem pressa, afinal, a ordem é
esticar as pernas dando uma e outra passada de pés descalços aproveitando os
raros momentos de andarilhar por aí sem cordões.
Foi sem surpresa que resolvi
voltar minha atenção para todas as flores que seguiam formando a borda colorida
do caminho se alternando com capricho na mistura de cor e tamanho com um
desafio de beleza que somente a natureza Divina pode realizar.
A trilha caprichosa que o
clima idealizou tem data para findar marcando o efêmero da natureza e da vida
igualmente. O tempo aquecido vai chegando de mansinho, derrubando a seiva
pulsante de muitos atores floridos, muitos elementos verdejantes vão sendo calcinados
desde suas hastes parecendo que o tempo áureo vai se esvaindo por entre todos.
Nós, seguimos de dedo em riste apontando
o irrelevante como fugidio.