domingo, 26 de outubro de 2025

Existe o ir

 


Tantos caminhos se acumulam na vida e a maioria deles não percebemos porque já nascemos pré-agendados, talvez pela genética, pelo plano familiar, pela inércia ou pode acontecer de não querer ter ideia de qual rota escolher ficando pelas bordas, espiando de longe o futuro ou o que se passa no quadrado próximo sem muita emoção no avanço da rotina que vai dando a letra e, sem preocupação, se calça o chinelo pensando que só existe o ir.

Na sequência vamos enquadrando os desejos, a necessidade e o gosto por este ou aquele lugar, ouvindo uma fala e não a outra, vestindo cores ou nenhuma, tendo crianças em volta ou sem acompanhamento lúdico, se aliando a muito cuidado com todos ou correndo sem tempo de olhar para os lados ou para trás sem saber onde quer chegar, importando apenas partir costurando um tecido  com metragem desconhecida.

O impulso pode decidir solitariamente e ao sentir este conforto da coragem fazemos a mala, apagamos a luz, fechamos a porta e embarcamos na aventura requerida há um bom tempo e adiada por outro tanto. Desta vez será uma avaliação do caminho diferente, de saber o que existe por detrás daquele monte, na dobrada da esquina, no lado soturno do mundo. Abrir os olhos e simplesmente ir com data certa para voltar porque a passagem de volta se encontra bem guardada no alforge.

Pode ser que este desvio, no seu retorno, sirva para abrir os olhos em relação a algumas coisas que provavelmente não se tem conhecimento por estar distraído, por ter visto o que não aconteceu, vez ou outra houve excesso de fantasia e alguns momentos se evadiram como pó sem deixar rastro. Na verdade, a bolsa de mão está repleta de assuntos que foram garimpados no tempo em que a consciência vacilou, que as lagrimas correram, que o soluço sufocou e o sorriso derreteu. Pensando bem existe o ir, ir e não voltar e existe o voltar e não enxergar.

 

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