domingo, 30 de agosto de 2009

Amigos..amigos..e que tais



Todo mundo quer ter amigos e deus nos livre se você for do tipo solitário e pensador, ou, pior ainda, não andar com a manada. Sim, porque ter uma turma de amigos significa seguir a manada. Pisar em ovos, cuidar para falar o que não vai agradar a todos, não colocar seu pensamento como alternativa em qualquer situação.

Se for assim, serás aceito.

Não tem voz quem quiser digredir do enunciado e está morto quem tem vontade e pensamentos próprios e ousar enunciá-los.

Exagerei na entrada pra chamar atenção de como são insólitas as relações humanas e ainda mais, no que se refere a amizade.

Sempre digo que uma amizade não se conquista como tantas outras coisas. A amizade acontece, como o amor. E não acontece de repente também. Ao reparar numa pessoa que agrada teu intelecto as vibrações e a energia da aproximação começam a rodear o espírito dos interlocutores e então se inicia a teia do mais nobre sentimento. O da amizade.

Dentre muitos, poucos terão importância.

sábado, 15 de agosto de 2009

O funeral



Morrer é solene e a morte é imperativa. Não tem nada mais definitivo e mais incerto em nossa vida.

Sempre, sem acreditarmos que a hora vai chegar, aparece o velório daquela pessoa querida, parente, pai ou mãe e vais te ver diante da cerimônia, em que a despedida é a última.

É para nunca mais.

A cena, muitas vezes é insólita, pois entramos no túnel do tempo. A vida tratou de dar um soprão em todas as pessoas da cidade natal e de repente todas elas, do teu passado, retornam, como gentis fantasmas sorridentes te espreitando, te olhando, para confirmar se você é você mesma.

É neste momento que o funeral se torna uma cerimônia linda, única, entremeada de abraços e como vais, há quanto tempo, enquanto a alma do morto paira sorridente sobre o grupo, pois foi desta terra nascido e por ali viveu sendo respeitado e querido...apenas o destino o levou para outros cantos, mas sua alma mora ali, naquela cidade. É para ela que ele quer voltar.

As raízes afloram nesta hora, todos entram nos trilhos do passado e aproveitam a viagem que vai se tornando íntima e lúdica. As primas e primos, parentes e amigos que há muito não se vêem e que precisaram de reforço ocular para ter certeza de quem é este ou aquele, agora identificados, soltam a conversa.

O funeral vira uma grande e emotiva reunião onde todos se conhecem e se estranham porque já foram íntimos, e há muito, não o são.

Amigos de infância que juntos, têm as melhores recordações de criança parecem querer voltar no tempo, já começam a sorrir e se falar do mesmo jeito de 40 anos atrás ou mais.

O passado impera na cerimônia.

A alma do velado continua serena, pois afinal, em sua despedida, todos estão reunidos. Que honra.

E ele parte. Agora, para sempre. Regressa à sua terra.

À beira do túmulo, agora fechado e cheio de vivas flores e homenagens o grupo se alvoroça, é chegada a hora de voltar ao agora. Em círculos, as pessoas se misturam, andam erráticas e não sabem como se sai de lá.

A viagem de volta ao passado tem que terminar ali. Abraços de um e outro e quando se vê, se está abraçando e se despedindo pela terceira vez a mesma criatura e o grupo se alterna em círculos cada vez mais fechado e mais difícil de dissolver.

Enfim, se rompe o laço. Não tem jeito. É hora de voltar a viver a vida.

Até a morte.

Depois...é tarde!



A desvairada rotina nos suga da cama e nos joga no mundo tal como rolha de champagne arremessada em desvario.

Este é o inicio da vespertina manhã de nossas vidas.

Sem pensar, vamos aos apontamentos do dia e qual robôs, damos conta de tarefa após tarefa. Tudo no lugar, momento e timbre.

E vamos vivendo a hora, dia, mês e ano seguintes. Nada mais é agora.Tudo é depois. Nos tornamos almas penadas do tempo. Sonhando e fazendo o que ainda nem chegou.

E a vida de hoje, onde será que nós a fomos colocar? Ela não tem espaço nem para emoção porque também resolvemos não chorar agora. Choro depois, em casa, e o choro é engolido porque agora também não dá tempo e lá vamos nós a fazer bolhas na alma.

Não temos mais tempo para observar os amores em volta, querendo te laçar. Parece que uma aventura romântica está fora de lugar nesta rotina. Tantos impedimentos na mente mas o pensamento, voa livre! Será?

Não há escusas para repelir o prazer e alegria que um encontro – mesmo fortuito – pode proporcionar. Mas, todas as leis de boa conduta imperam no teu cérebro e evento após evento, rejeitamos o amoroso, sem trégua nem remorso.

Nosso coração jaz morto, coitado, de tanto ser açoitado pela dona sem compaixão.

Só mesmo a doidera de uma vida em saltos para não enxergar as paixões acontecendo, e você, deixando-as de lado.

Dizem que a vida é uma dádiva divina. E dela não aproveitam os pobres mortais. Por viverem o amanhã. Urgente é o nosso tempo.

Onde você estiver, não se esqueça de mim...

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...