Estou sempre com os olhos no
horizonte onde o céu se encontra com o mar e por isso estou acostumada a pouco
enxergar, vez ou outra um mastro de navio, uma vela, uma onda que se revoltou e
ficou maior que o horizonte, mas, acaba baixando os “flaps” quando o vento
costeiro a abandona e então, ronrona baixinho em suas espumas lavando a areia
que a recebe com um sorriso debochado. Meu olhar vaga pelo quase inexistente
movimento que está sempre na minha alça de mira e que me concedeu o privilégio
de encontrar a invisibilidade com mais frequência.
No meu dia a dia de escrever a
sensação é que o faço para o camuflado que tão caprichosamente me acompanha na
rotina porque, afinal, ao iniciar minhas histórias o meu corpo inteiro inicia a
dança solitária uma vez que todos os meus passos pisam no vazio, o meu sorriso abre
e fecha em frente ao inventado, meus dedos voam na procura da letra correta, o
livro que cai da prateleira sempre é aquele que tem em suas páginas o que eu
procuro com ganância de encontrar, a respiração resfolega a cada percalço da
narrativa, meus olhos brilham e lacrimejam conforme a tragedia que inventei e
finalmente esboço um sorriso malicioso quando descubro que um enigma seria de
bom tom para finalizar.
A situação figurativa se
repete diariamente, porém, não existe uma surpresa maior do que a legião de
atentos leitores que prestigia os textos apresentados, todos eles flutuando nos
cabos invisíveis da internet, muitas vezes vindo de uma sugestão de outros
cativos da escrita.
Neste mundo oculto o real não
se vê a olho nu, inexiste o aperto de mãos, o tapinha nas costas, o abraço
apertado, a troca de lágrimas, a emoção contida, o café como encontro marcado,
o sorriso de orelha a orelha e a folha impressa. A sensação deste milagre da
conexão com a palavra é o manto que me acolhe todas as noites. Só tenho a
agradecer. Amém

2 comentários:
Bom dia Amiga! Que maravilhoso Texto! A cada dia amo mais ler o que escreves! Parabéns!!!
Amei teu texto.Tri sensibilidade.Vera, manda noticias.Vamos marcar aí na tua morada. Ando querendo voltar para Porto Alegre e queria, como assim,,me despedir. 💋
Postar um comentário