terça-feira, 10 de setembro de 2019

Olhos na nuca



Com os olhos na nuca atenta-se ao que já se foi, seja uma pessoa, um fato, uma história ou um momento sem importar o que vem à lembrança, se recente ou antigo, ou até, quem sabe, nunca aconteceu. É fácil fazer de um sonho uma companhia tão assídua que acaba se cobrindo do véu da realidade desejada fazendo parte da trajetória e lá se vão de mãos dadas para sempre se confundindo.

O tempo, contado em partículas enredadas entre o verdadeiro e o insólito fluem sem parar praticamente invisíveis aos nossos olhos que andam por aí se distraindo com o insolucionável, emperrando na teimosia do fazer qualquer coisa, ou tudo ou nada.

O olhar dança conforme a musica atemporal com um cuidado voltado ao infinito. Enquanto isso, como um gatuno no silêncio da noite se esvai às escondidas as horas preciosas do tempo em curso, seja ele atabalhoado de coisas por fazer seja ele atabalhoado de desfeitos, ou, vazio de sentido e conteúdo. O fino curso dissipa-se recheado de uma vida que passa ao largo e em silêncio quase sempre parecendo - a quem lhe preste atenção - que anda pé ante pé, talvez para não chegar tão rápido ao destino. De todos, sem exceção.

Nos escaninhos das passadas oculta-se a verdade que aparece com uma simplicidade estonteante, principalmente para quem lhe pensa em ser de difícil entendimento, junto a ela, em outro compartimento, as ilusões fazem companhia irônica e deste jeito surdo vão se soltando as preciosidades não vistas, as emoções simplistas, os recursos fáceis e o desapego emocional seguido pelo terreno. Na verdade eles correm velozmente para se amontoarem no outro canto, aquele que fica oculto por conta da distração mesmo tendo a certeza que será refeita tantas e tantas voltas quantas forem necessárias para selar com pertinácia o ciclo.


Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...