sábado, 6 de agosto de 2011

Pedreiro



Deve haver um veio de demolidor muito forte na personalidade de um pedreiro pois o decujo está sempre juntando suas armas pesadas, cobertas de cimento e tinta e de tão usadas se adivinha um caminho pregresso de muitas paredes derrubadas.




É assim, armado, que o cara entra na vida de quem quer arrumar seu refúgio. Estranhamente, ficamos animados e começa uma operação tolerância zero para os pertences. Estes, sob a nova égide do oleiro, são peças que atrapalham e com seu olhar enviesado vai chutando para todo o canto o que lhe aparece no caminho.

Melhor vazar a traquitana então.

E, quando os espaços estão nus se cobrem de uma certa tristeza pois afinal se foi quem lhe dava utilidade de existir. Mas, não tem jeito, com este maluco dentro de casa só se pode esperar depredação. Então percebi, certamente tarde demais, que o pior em uma obra não é a sujeira que se faz acontecer mas sim a espera do fim do suplício.

Mas, engraçado, a cada dia uma nova idéia surge, mais um prego ali, um furo acolá, empareda um buraco, abre outro e lá se vão os dias em uma contagem absurda de quem vai fazendo sem pensar antes.

Tal como a vida da gente quando vamos juntando os caquinhos de acordo com quem está demolindo na frente.

Acho que terei que procurar um amassa barro da alma.

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...