sábado, 19 de outubro de 2013

Revisão


Chegaram dia e hora que eu mais temia, uma vez que sempre pensei inútil andar de costas percorrendo o vivido, mas, pelo visto, é um exercício de certa forma necessário para a sobrevivência do corpo são e da alma em anseios.
Atendi o chamado e voltei-me, em primeiro lugar às letras que são teimosas e a qualquer hora invadem o meu momento, se espalhando por toda a minha casa, se travestindo de personagens únicos. Poderoso, um simples caractere se dá tanto valor que me pede para transformá-lo e, às vezes agressivo, solicita-me que eu lhe confira vida e lhe eternize através dos teclados gastos  me obrigando a encontrar o sentido de outrora para o que ali escrito foi.

A iniciativa é premente, porém, a execução é um fracasso porque hoje não sou mais aquela escrevente engatilhada naquela caligrafia e, portanto, não tenho mais lembrança dos sujeitos da frase que me levaram a lhes atribuir à estória e, desta forma, fica parecendo que tudo que nasceu, morreu em seguida.

Sem saída, aproveitei o empuxo e reli tudo o que já foi criado e descobri que em alguns mágicos momentos é possível reescrever e modificar todos os destinos que de forma pueril alinhavei no passado, me surpreendendo com as alternativas que se sobrepuseram dentre os mais variados contextos. Joguei-me de corpo e alma na refação tentando atabalhoadamente ressuscitar as estórias com o viés do agora.

Acredito que não fui muito feliz, apesar do esforço, e me dei conta que a dedicação em tornar palatável determinada desdita a torna irrevogável.

sábado, 5 de outubro de 2013

Soltando


Rodei a baiana ao inverso para me encontrar uma vez que ando um pouco distraída do dia a dia e das coisas mais comezinhas e, por isto mesmo interessantes.
Um pouco sem jeito vejo que a conversalhada anda tão desanimadora que não se consegue mais chegar ao fio da meada sem passar pelo fio da navalha. Os testes de prumo a toda hora me encontram um pouco desajeitada e sem muito jeito vou olhando em volta de mim, dou uma esticada no vestido, engreno a cabeleira enrolada com as mãos e busco a conversa, que, no entanto não dá o ar da graça.

Deve ser a época ou o passar do tempo que vão pesando ao invés de acontecer justamente o contrário. Tirar o excesso de peso da memória é fundamental para podermos alçar vôos mais altos se deixando levar por todas as brisas correntes, sejam elas mais seguras ou mais impetuosas. Sobrevoando o presente é necessário dar vôos rasantes no passado fisgando as temporadas de acertos trazendo-os à luz.
Deixar a vida correr solta é ter consciência que somos meros coadjuvantes dos autores da história escrita implacavelmente, todo dia.  Com a leveza assumindo o comando teremos mais tempo para rodopiar entre muitas respostas enlaçando as soluções e o tempo, para trás e para frente, irá cochichando com maestria todos os seus segredos.

Ao pé do ouvido.

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...