domingo, 18 de março de 2012

Risque



“Risque, meu nome do seu caderno...” canta a música do tempo do êpa, como eu. Ela me bate à porta tem dias, meses, desde quando o calor chegou. Deve ser a cabeça esquentando ao sol, muitas tardes de bobeira ao mar. Só sei que ela é insistente.

Os lápis se oferecem a mim risonhos e insistentes me olhando de revés da caixinha em minha frente. São coloridos, tem borracha na ponta e estão sempre afiados para escrever tudo o que eu preciso fazer. Agora, o chamado é urgente para rabiscar e riscar a ilusão, o indesejado, o inoportuno e o cansativo.

Me rendo ao apelo e escolho o lápis preto número dois, de ponta fina, e muita coisa me aparece pela frente e não somente elas, como eles, estes, isso e aquilo e a fila se forma me desafiando a coragem. Sim, porque haja coragem de riscar do bloquinho aquela lembrança que reúne tempos em que a consciência não estava tão em alerta e descambamos pelo lado errado do caminho, decidindo voltar antes que fosse tarde. Mas, não importa, Dar a volta foi preciso e por isso foi bem feito. E o lápis entra em cena e o risque rabisque corre solto.

Acenando, desesperado, o lápis multicolorido me puxa a pensar em apagar dos meus passos diários aquela trilha comum feita e refeita tantas vezes. Ele me mostra em magenta e amarelo vibrante, o sol a pino em veredas alternativas. Satisfeita, é para lá que eu vou.

Não só de caminhadas erradas me aponta o lápis. Poderoso, me faz lembrar aquela idiotice de levantar uma lebre sem fundamento em tempo de deixar pra lá, de passar por cima, de inutilizar. Na pancada se aprende. Delete o ocorrido e siga em frente, em letras promissoras.

2012 é o ano mor do lápis. Vou escrever para apagar depois e de tanta coisa que me aparece de pronto, já comecei.

Todo dia acordo com a turminha de cabeça de borracha me acenando!

Risque...risque....risque.....

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...