Praticamente todo santo dia, a
noitinha, o pensamento se amorna e se esvazia deixando um espaço para que a
oração chegue a Deus e ela se inicia quase sempre nos olhos marejados,
terminando, muitas vezes, em um soluçar candente seguido por um agradecimento
infinito pelo que houve neste dia, desde o comecinho do sol radiante - ou
emburrado - até este minuto em que nos dá boa noite, seguindo a trilha inversa
iluminando outras paragens. É exatamente nesta hora que surge a necessidade
importante de passar uma peneira nos assuntos rotineiros que nos invade aos
borbotões, levando-nos pela mão até o local de aterro.
Uma acomodação confortável se
apresenta voluntariamente pela intuição que este ou outro dia qualquer merece,
em alguns mais pueril com acontecimentos traquinas, em outra data festejos e
assim segue o rumo normal de se viver, não importa onde nem como.
Do
alto do pedestal preferido de cada um baixamos os olhos a tudo
que tivemos que enfrentar durante o dia percebendo tudo e todos sem distinção.
Chegada a hora de envergar a peneira que guardamos atrás da porta, desta feita
já limpa da faina da noite anterior e assim, transparente, empunhamos a espada
da separação do bem e do mal.
A primeira parte segue com um
sorriso amarelo emoldurando o semblante uma vez que o que se apresenta não
chega com as melhores credenciais humanas passando rapidamente a parte da teia
maior caindo direto na Caverna do Perdão havendo outras que sequer foram analisadas.
A segunda já demonstra uma personalidade difusa causando dúvida sobre o
propósito da mensagem e, com cautela, enveredamos o assunto para a Caverna do
Limbo que na peneira simboliza a trama estreita.
Assim chegamos à terceira
parte sendo este o momento em que as mãos se unem em prece erguendo a peneira
agora translúcida que saúda o sorriso honesto de todos que acompanham a
exultante colheita da paz renovada e entregue à Caverna do Espirito.

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