domingo, 19 de outubro de 2025

As Cavernas

 


Praticamente todo santo dia, a noitinha, o pensamento se amorna e se esvazia deixando um espaço para que a oração chegue a Deus e ela se inicia quase sempre nos olhos marejados, terminando, muitas vezes, em um soluçar candente seguido por um agradecimento infinito pelo que houve neste dia, desde o comecinho do sol radiante - ou emburrado - até este minuto em que nos dá boa noite, seguindo a trilha inversa iluminando outras paragens. É exatamente nesta hora que surge a necessidade importante de passar uma peneira nos assuntos rotineiros que nos invade aos borbotões, levando-nos pela mão até o local de aterro.

Uma acomodação confortável se apresenta voluntariamente pela intuição que este ou outro dia qualquer merece, em alguns mais pueril com acontecimentos traquinas, em outra data festejos e assim segue o rumo normal de se viver, não importa onde nem como.

Do alto do pedestal preferido de cada um baixamos os olhos a tudo que tivemos que enfrentar durante o dia percebendo tudo e todos sem distinção. Chegada a hora de envergar a peneira que guardamos atrás da porta, desta feita já limpa da faina da noite anterior e assim, transparente, empunhamos a espada da separação do bem e do mal.

A primeira parte segue com um sorriso amarelo emoldurando o semblante uma vez que o que se apresenta não chega com as melhores credenciais humanas passando rapidamente a parte da teia maior caindo direto na Caverna do Perdão havendo outras que sequer foram analisadas. A segunda já demonstra uma personalidade difusa causando dúvida sobre o propósito da mensagem e, com cautela, enveredamos o assunto para a Caverna do Limbo que na peneira simboliza a trama estreita.

Assim chegamos à terceira parte sendo este o momento em que as mãos se unem em prece erguendo a peneira agora translúcida que saúda o sorriso honesto de todos que acompanham a exultante colheita da paz renovada e entregue à Caverna do Espirito.

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