domingo, 4 de novembro de 2018

Horário de verão à beira mar



Luz e trevas se interpõem dividindo o dia, não ao gosto e supremacia da natureza e sim ao império de ditos e não ditos daqui e dali. Assim se vai a naturalidade de abrir os olhos porque o tic-tac interno ordenou imperando agora o forcejo de acordar antes, mesmo querendo todo mundo acordar depois. Antes e depois se manifestam oponentes mudando a nossa expectativa de normal mesmo que seja o sonho de todos amenizarem a rotina e não transformá-la.

De um lado, o sol nasce do mesmo jeito parecendo que vem receoso de não ter sua plateia favorita de plantão porque o relógio se negou a despertar, porque o sono não quis se evadir ou, as férias chegaram e perder a hora é mais comum ficando assim aquela correria sem sentido para pegar o que já aconteceu e errar o compromisso que vem porque o sol é quem estabelece os roteiros, não havendo agora grande integração entre a natureza e o corpo.

Os pássaros não entendem bem a situação e iniciam seu trinado ainda no escuro confundindo o restante da bicharada que os segue fielmente. As flores também se embaraçam porque a luz ainda não se foi totalmente, mas já é hora de fechar suas pétalas e aguardar o despertar no dia seguinte, aquecidas pelo sol, que anda esquisito.

Os moradores das areias do quebra mar se estremunham ao despertar na meia luz, mesmo tendo a certeza que a hora do descanso acabou. Em dúvida aguardam o preguiçoso Rei Sol raiar fora de hora. Com a natureza manipulada acontece a trincheira de caranguejos, tatuíras e mariscos que se enfileiram ao horizonte aguardando o manda chuva do dia dar as caras, porque somente na companhia do seu calor e de sua luz é que se iniciam as brincadeiras na beira da praia onde a turba de praieiros se interpõe como gato e rato junto a galera marítima. Tudo muda para ficar igual.

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...