domingo, 12 de outubro de 2025

O xadrez

 


Tirei a venda que escondia um quadro que comecei a montar muito tempo atrás constando muitos trechos da minha escrita inacabados porque, em determinado ponto do texto me faltava a continuação não havendo forma de recuperar o motivo pelo qual iniciei a história e, de antemão, resolvi imprimir item por item, cravando com um alfinete no quadro de aviso sendo que ali se formou, dia a dia, a galeria dos renegados, demonstrando que talvez exista uma chance de retomar o xadrez de palavras que sangram sem destino.

Após retirar o papel que envolvia estes bilhetes apurei meu faro investigativo de mim mesma e iniciei o processo de reconhecimento de cada trecho sem finalização e me surpreendi que todos possuíam certa conexão com o outro se interligando através de certas palavras recorrentes todos indicando onde necessitavam chegar, mas foram impedidos e, de certo modo, deixados à deriva do pensamento.

Tirei o quadro da parede e iniciei a tarefa de tentar entender o jogo entre eles mesmo parecendo impossível chegar ao fim desta confusa teia em que pontos de interrogação permeiam cada frase, cada palavra, cada interpretação.

Este dia em especial me trouxe a vontade de entender e reescrever a história oculta entre um simplório início de texto e seu repentino rompimento e que, a cada intervalo, se repetia demonstrando um padrão do entusiasmo criador que por aqui e por ali recuava e desaparecia.

Depois de iniciada a leitura dos alfarrábios empoeirados e sem data, minha mente recebeu um sinal de luz sem que eu soubesse sua origem, fazendo brilhar um por um os pedaços de papel enterrados no coração do texto. Neste momento retirei um por um cada escrito e dispus o conteúdo que relatou, aos pedaços, um tempo entrecortado de soluços.

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Banho de mar

  Engatei a marcha da resolução, pisei firme o pé na areia úmida e gelada seguindo com os olhos vidrados na maré vinda de alto mar até morre...