Tirei a venda que escondia um
quadro que comecei a montar muito tempo atrás constando muitos trechos da minha
escrita inacabados porque, em determinado ponto do texto me faltava a
continuação não havendo forma de recuperar o motivo pelo qual iniciei a história
e, de antemão, resolvi imprimir item por item, cravando com um alfinete no
quadro de aviso sendo que ali se formou, dia a dia, a galeria dos renegados,
demonstrando que talvez exista uma chance de retomar o xadrez de palavras que
sangram sem destino.
Após retirar o papel que
envolvia estes bilhetes apurei meu faro investigativo de mim mesma e iniciei o
processo de reconhecimento de cada trecho sem finalização e me surpreendi que
todos possuíam certa conexão com o outro se interligando através de certas
palavras recorrentes todos indicando onde necessitavam chegar, mas foram
impedidos e, de certo modo, deixados à deriva do pensamento.
Tirei o quadro da parede e
iniciei a tarefa de tentar entender o jogo entre eles mesmo parecendo
impossível chegar ao fim desta confusa teia em que pontos de interrogação
permeiam cada frase, cada palavra, cada interpretação.
Este dia em especial me trouxe
a vontade de entender e reescrever a história oculta entre um simplório início
de texto e seu repentino rompimento e que, a cada intervalo, se repetia
demonstrando um padrão do entusiasmo criador que por aqui e por ali recuava e
desaparecia.
Depois de iniciada a leitura
dos alfarrábios empoeirados e sem data, minha mente recebeu um sinal de luz sem
que eu soubesse sua origem, fazendo brilhar um por um os pedaços de papel
enterrados no coração do texto. Neste momento retirei um por um cada escrito e
dispus o conteúdo que relatou, aos pedaços, um tempo entrecortado de soluços.

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