terça-feira, 30 de abril de 2024

Dando um tempo

 

Acalmou-se o vento, as ondas e o sol inclemente, restando um vazio abençoado que paira durante o dia todo nas ruas daqui deste fim de mundo abençoado por Deus. O som grita de tão suave em todas as suas manifestações fazendo de moucos os ouvidos de todos. Não se quer mais ouvir, falar, ir e vir, fechando para balanço inicial da temporada fria como se fosse uma operação obrigatória.

As ruas vazias recepcionam as chuvas intermitentes e o mais que a natureza mandar se aceita a iniciativa com muito prazer, uma vez que há premência de se apartar um pouco deste modo de vida praticamente sempre fora da curva. Pelo menos para lavar a alma de feridas que por qualquer motivo se abriram durante o agito, durante a gritaria, durante o abuso, durante o desrespeito.

As falas agora ocorrem arrastadas e preguiçosas podendo, às vezes, haver desistência da explanação porque é muito óbvio que a mente se esvazia do excesso e, indolente, resolve escolher com mais critério o que merece ser ouvido, lido e visto – principalmente.

O pensamento, atento, se eleva a outro patamar buscando distrair-se do rebuliço coloquial cotidiano, se preparando criteriosamente para encolher em recantos bem quentinhos suas escolhas de calmaria. Se faz imperiosa a vontade de se relacionar com as notas musicais que repercutem a suavidade perfeita para acompanhar a alma que se abriga em si. Este tempo raro se embrenha no espirito com audácia e determinação sendo impossível recusar sua companhia.

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...