Existem muitas salas nesta
vida e algumas são frequentadas com espartana vontade, outras servem apenas
para um recreio da fala, outras ainda são locais de fala arredia e uma centena
delas são depositário de segredo, alguns secretos, outros nem tanto. Navegar em
um emaranhado de saletas que guarda com sigilo relativo a palavra comum, o
tempero sofisticado, a verdade, a mentira e a ignorância, se tornou propósito
de muitos. Nenhum destes recintos tem conhecimento daquele dicionário antigo
onde tudo o que está escrito é o que significa.
Decidi fazer uma caminhada de
reconhecimento neste intricado assunto que a mim, justo a mim, me diz respeito
porque a expressão é meu parceiro de Vida, meu amigo e meu algoz e com ele vou
e volto mil vezes no mais rotativo e perfeito entendimento. Apurei meu ouvido, retirei
o tampão do tímpano bloqueado, atitude necessária que utilizo ao frequentar,
salas, ambientes, corredores, espaço exíguo e algum mais largo.
A coragem para examinar cada
assunto surgiu da curiosidade para desvendar o motivo de tais cochichos serem
efetuados no mais baixo tom de voz acompanhado pelo rito de um olhar que vaga
irrequieto no entorno parecendo procurar ou, ao contrário, eliminar testemunhas
do que ali está sendo proposto.
Escolhi com atenção redobrada
o confessionário particular em curso onde a dupla fala x ouvido atua com tanto
disfarce em caras e bocas me deixando confusa se ali está havendo uma reza, uma
confissão, um segredo cabuloso ou simplesmente um falatório sem valor.
O cochicho reverbera uma conversação
inaudível que surgiu em algum lugar entre alguns sendo modificado ponto por
ponto no corredor de orelhas. É exatamente nesta curva que a Vida procura a
sala criada para um cochicho sobre o que a vida gosta de trazer e você não
gosta de ouvir.

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