Estendi meu tabuleiro de ervas
bem no meio da sala porque algo me disse que deles iria precisar para, quem
sabe, uma consulta em relação ao que me aflige e, desta feita, o alvo são meus
cinco sentidos. Iniciei a investigação observando a palidez em que se encontra
a cor dos meus olhos, na sequência o brilho não estava uniforme havendo aqui e
ali apenas um leve faiscar dando a impressão que tudo o que surge em frente não
causa emoção maior do que um simples pestanejar.
Fui em frente porque o alerta
foi uníssono como se todos eles quisessem tirar satisfação da vizinhança que
habita a minha cabeça enredada na maior parte do dia. Achei que não era para
tanto e resolvi me assentar frente a minha coleção de milagreiros iniciando uma
análise mais comprometida comigo mesma.
Arrebitei o nariz aspirando
profundamente o ar do dia de hoje não conseguindo – por qualquer motivo –
identificar o que andava pairando no ar que tivesse esta personalidade inodora
deixando meu corpo em alerta porque, a partir do aroma da vida vou trilhando o
passo da primeira caminhada que poderá ser doce como a primavera, úmida como a
chegada de um arrastão, faminto na beira do assado de peixe.
Cheguei aos meus ouvidos e não
precisei buscar algum sentido oculto para que eles tenham evadido o eco de
todas as falas para um lugar desconhecido que sequer consigo adivinhar qual
seja. Resolvi deixar como está porque poderia haver um choque sonoro entre o
que eles têm por obrigação ouvir e a minha vontade que os quer emudecer.
Mais rapidamente do que eu
imaginava cheguei ao parlatório que seguia sem voz em um mutismo característico
do tempo incerto. Relevei a impertinência incendiando as ervas aromáticas que possuem o
condão de ativar a inspiração do dia. Agora!

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