domingo, 17 de agosto de 2008

A idade


O tempo é um tema constante e paira sobre nós marcando momentos, pautando nossa evolução, trilhando metodicamente passo a passo do nosso dia. A cada segundo envelhecemos e conseguimos agora ver o avançar do tempo em nosso corpo físico quase que tão rapidamente quanto o vemos passar no relógio.

Mas, nada, nada mesmo é mais absolutamente realístico em relação ao tempo do que se deparar com algum idoso em situação de risco ou de constrangimento na rua.

Flagrar a queda da velhinha que desce do lotação, toda empoada e bem vestida com suas roupas bem conservadas mas de uso bem antigo. Perceber a confusão da pessoa ao tentar se localizar e encontrar o caminho a ser seguido, olhando para o infinito com olhar quase infantil e boca semi-aberta. Como se isso fosse ajudar em sua decisão.

De repente. você se enxerga ali, como se ela fosse você, e surge um delírio que eleva o espírito a bons pensamentos.

Maravilhoso não ter mais que comprar roupas inúteis e outros itens que corrompem nosso orçamento, podendo agora nos dedicar apenas a criação dos melhores métodos de conservação do que já temos. Nostálgico poder desfilar pelas ruas com aquele casaco que em tantos invernos nos aqueceu e nos livrou de doenças e poder usar aquele sapato preto, desgastado e elegante, conservado metodicamente com muita graxa de sapato que possibilita um caminhar com segurança e conforto.

Carregar aquela bolsa e cinto que já tomou contornos do nosso corpo de tanto nos acompanhar vida afora, é uma surpresa deliciosa e cúmplice, afinal.

Vestir aquela velha calça jeans dos anos idos que já nem lembramos mais, com um colete de couro surrado e tênis das antigas, faz rejuvenescer nossa alma, porque afinal, o estilo do vestir permanece para sempre como nossa identidade e nosso figurino que “levávamos” com elegância, vamos seguir fazendo com a mesma dignidade, criatividade e alegria.

E tudo o que é velho e usado adquire vida própria impregnada de poesia e lembranças. Afinal são utensílios que fazem parte da história da nossa vida e ai de quem só o ama o novo e é fã do descarte.

Com certeza vai perder pedaços de vida....alimento para viver a IDADE.....
( à Maria do Carmo, minha amiga querida que ama brechós!!!)

Atletas da vida


Em tempos de jogos olímpicos não há que se furtar em falar de superação. Aliás, é disso que vivem estes atletas. De superar a todos, a si e ao mundo e ai meu deus !!!

Pois eu já vou pensando que não são humanos. Que são máquinas azeitadas pela tecnologia do alimento, do ego, da disciplina, da conservação e do treino. São robôs programados para vencer, para seguir rígidos padrões em que afeto, abraços e sorrisos só da família e olhe lá.

Mas é superação, é passar de si para um objetivo maior.

Pois eu acho que a vida é uma olimpíada e salto em vara é só o começo!!!! Todo dia, todo mundo, tem doze horas de superação que quase sempre se assemelha a uma gincana e começa pela manhã com exercício físico, boa alimentação e tal e coisa.

E seguindo em frente, o trânsito não é uma pista de maratona ou de ciclismo livres de obstáculos, mas sim, uma performance de solo em saltos e reviravoltas atrás do táxi, do ônibus e do lotação.

O que os atletas enfrentam nestes dias é o que todos enfrentamos todo dia, guardadas as proporções, é claro. Neste mundinho em que a informação é lei e ao mesmo tempo somos soterrados por ela sem conseguir absorver tudo, vamos esquecendo o que é importante e guardando o que não presta.

A superação nossa de cada dia é colocar as contas em dia, se dedicar ao trabalho como se fosse o primeiro e o último, ser afetuoso e gentil com todos inclusive consigo mesmo e por aí vai.

Os atletas tem apenas que superar os outros para vencer, nós comuns mortais temos que superar a vida para ganha-la.

Somos todos atletas da vida!

(esta coluna eu dedico ao Auri, Juveni, Evinha, Mano e Sharon, meus queridos amigos!!!)

Dia dos Pais – Ser Pai e mãe?



A data aqui martelando na minha cabeça e lá vou eu escrevendo porque não posso me furtar à inspiração que não vai embora, tira o sono e desvia meu assunto quando minha mente vaga, vacila.

Dia dos Pais é aquilo. Todos tem lembranças e uns querem esquecer ,outros querem lembrar, outros ainda querem fazer a diferença para seus filhos. Qual pai ou mãe não ama incondicionalmente seus filhos? As relações parentais evoluem também e hoje os pais novos não se reconhecem em seus pais e igualmente os filhos querem ser outros pais para sua prole.

E me vem á mente a expressão “ser pai e mãe” usada para elogiar as mulheres que criaram seus filhos sozinhas, sem a presença do pai, que por qualquer motivo faltou. Talvez seja uma metáfora de consolo para dar força àquela mãe que não tem com quem dividir a árdua tarefa de educar. Se já é difícil a dois, imagina sozinha.

A verdade é que filhos criados só pela mãe terão uma questão a mais a ser ponderada em seu futuro e em sua realidade. Sempre um eco e a busca de um código masculino da vida toda que pode saltitar entre um avô, um tio ou amigo da família. Ou ninguém.

Ser “pai e mãe” não existe. Uma frase solta para colocar em dúvida a competência de mães que não tiveram outra escolha.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Frouxos de riso


Acho que entristecer faz parte da vida e uns mais, outros menos, vão penando pelo mundo seus infortúnios. Quase nunca é tão sério para tanto sofrimento, mas... que fazer se a alma não pergunta? Obedece ao nosso ímpeto ora mais pra cima ora mais pra baixo.

E acompanhando nosso espírito lá vai nosso corpo físico que maltrata o coração que bate devagar, apertado, quase inaudível e com o mínimo esforço. Seguem uníssonos ao coração, os músculos, as juntas, a pele, as vísceras, os neurônios e lá estamos nós feito um “pote até aqui de mágoa”....

Até que um belo dia, qual computador reformado, ligamos rapidamente, a tela se ilumina e estamos online em banda larga. Alerta cuidadoso porque nossos sentidos tão apagados começam a voltar. E reaparece o paladar, os olhos ficam mais vivazes, os cabelos andam mais soltos, a luz do inverno parece que está indo embora. O inverno da alma. A tristeza vai pulverizando no ar lentamente dando lugar ao bem estar e a conformidade em deixar a vida andar, trilhando seu caminho surpreendente.

O riso, a risada frouxa, há muito deixados para trás torna-se fácil armadilha para uma piada boba invadindo nosso corpo moído, soltando as amarras. E frouxos de riso parecem loucura momentânea, esgarçando o rosto em lágrimas que rolam em gargalhadas incontidas. Aí você vê o quanto esteve calada e sombria nos últimos tempos.

Pois é...o sofrimento aparece para todos e engrandece, expande a alma e nos faz crescer..O riso vem compensar o tempo perdido e tirar as rugas que já estavam chegando na alma!

Tenha frouxos de riso por nada que a alma agradece.....Já perscrutei rostos além do meu próprio e todos tem a mesma resposta e em todos vejo a mesma coisa!

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...