domingo, 2 de setembro de 2018

Natureza morta



Gosto de ter, às vezes, diante de mim, um quadro de natureza morta porque o mesmo irá retratar o momento do meu estado de espirito que procura pela paisagem perfeita, rica em detalhes com luz e harmonia escondendo com maestria a liberdade do criador em eternizar na tela o momento que só a ele diz respeito.

Vez ou outra meus olhos não se abrem para o que tem movimento e fico invertida com o desejo de parar frente a um retrato, uma abertura, um momento, não havendo possibilidade de fugir do desenho que se apresentou recatadamente perante mim. Penso que vem como se uma tramela da vida se cristalizasse na minha alma com impossibilidade de escapar em dia específico.

Escolho a dedo o que vou fixar naquele dia para que assim eu possa percorrer minhas lembranças no conforto do tempo que não urge, na parcimônia de admirar o belo, no cuidado para que feridas já cicatrizadas não se abram como flor de lótus deixando as beiradas do presente aflorar.

Navego nos detalhes caprichosos de luz e cor, no significado de objetos e alimentos se interporem um ao outro criando uma história inédita e com sentido diverso para quem lhe põe os olhos. Um momento de espera e liberdade de qual vereda pisar, tendo o cuidado de uma vez elegida, melhor dar-lhe as asas mais importantes conferindo uma história particularmente curativa.

Uma rua

  Estanquei o passo ao me defrontar com aquela esquina, uma vez que ela tinha matizes diversos e contrastava com o que havia na minha memóri...