Entrei naquela jogada sabendo
que eu não tinha nenhuma chance de me sair bem, em nenhum sentido que alguém
pudesse observar, não porque eu não tivesse força física, mas sim porque
naquele momento não encontrei a minha verdade. Talvez eu necessite andar um
pouco neste areal deserto que é meu caminho alternativo e pisar em um asfalto
novo em folha, navegar por água doce e morna, deixando meus sentidos de fora.
Talvez haja a condição de
tirar do fundo do baú aquele Avatar que retrata com exatidão minhas passadas
até um determinado momento em que eu, caprichosamente, escolhi e me confortei.
Ao encontrar o meu destino tão almejado guardei a transformação em algum lugar
que nem sei direito qual é, podendo ser o quarto, a sala, o banheiro, a cozinha,
afinal, tantos guardados somem da vista que nem lembramos que existem.
Só eu sei as tantas e quantas
travessas idílicas, outras simplórias, e um sem número de passadas em que fui a
protagonista no desbravamento. Em muitos deles tive que armar uma luta desigual
para abrir o caminho que estava fechado de espinhos e ervas daninhas, fortes,
destemperadas. Quantos arranhões rasgaram meu coração que, com a solidão da
paciência eu refazia ponto por ponto.
O deserto que se apresentava
sempre vinha pintado de cores diversas comprovando a enganação que estava em
curso e, de certo modo, alertando a mim que olhasse a paisagem com atenção. Com
sutileza pensada escolhi o cenário com a cor e a forma do meu ideal reiterado
tantas e tantas vezes. Só eu sei que esta opção pertence somente a mim, desde
ontem, hoje, sempre.

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