terça-feira, 14 de outubro de 2025

Só eu sei

 


Entrei naquela jogada sabendo que eu não tinha nenhuma chance de me sair bem, em nenhum sentido que alguém pudesse observar, não porque eu não tivesse força física, mas sim porque naquele momento não encontrei a minha verdade. Talvez eu necessite andar um pouco neste areal deserto que é meu caminho alternativo e pisar em um asfalto novo em folha, navegar por água doce e morna, deixando meus sentidos de fora.

Talvez haja a condição de tirar do fundo do baú aquele Avatar que retrata com exatidão minhas passadas até um determinado momento em que eu, caprichosamente, escolhi e me confortei. Ao encontrar o meu destino tão almejado guardei a transformação em algum lugar que nem sei direito qual é, podendo ser o quarto, a sala, o banheiro, a cozinha, afinal, tantos guardados somem da vista que nem lembramos que existem.

Só eu sei as tantas e quantas travessas idílicas, outras simplórias, e um sem número de passadas em que fui a protagonista no desbravamento. Em muitos deles tive que armar uma luta desigual para abrir o caminho que estava fechado de espinhos e ervas daninhas, fortes, destemperadas. Quantos arranhões rasgaram meu coração que, com a solidão da paciência eu refazia ponto por ponto.

O deserto que se apresentava sempre vinha pintado de cores diversas comprovando a enganação que estava em curso e, de certo modo, alertando a mim que olhasse a paisagem com atenção. Com sutileza pensada escolhi o cenário com a cor e a forma do meu ideal reiterado tantas e tantas vezes. Só eu sei que esta opção pertence somente a mim, desde ontem, hoje, sempre.

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