Para ela o céu sempre está azul, livre de
qualquer tempestade, de qualquer vento que deixe marinheiro experiente enjoado,
que rasgue ou enfune as velas ao contrario, que vagas traiçoeiras se alevantem
com desvario, que espumas não se esfumacem como pó nas costas litorâneas abençoadas.
Também não tem vez tubarões, peixes
espada, martelo ou o que outros mais tenham em seu gene dispositivo que fira
alguém de qualquer modo.
Para os navegantes de todos os mares, a
idolatria pela Nossa Senhora dos Navegantes faz parte do cotidiano, tanto nas
fantasias das embarcações quanto na fé firmada a cada dia, quando chega a hora
de se jogar ao mar para buscar o sustento da família, o pescado almoço de
veraneio, o banho de mar mais ousado para quem tem treino e assim vai-se
enumerando cada certeza que eleva o pensamento à Santa para buscar proteção.
Apesar de considerarmos que em dias de amparo
se prolifera, em todos os santuários do quadrante, a perfeita busca por algum
credo que justifique o risco neste ambiente do Litoral Norte, todos os joelhos
se inclinam para dar à padroeira do mar sua homenagem, pedir indulto dos
pecados, pedir a eterna proteção deste oceano que nos presenteia todo dia com
sua exuberância, que compartilha seus segredos, que revigora a fauna e a flora
marítima e que, mais não seja, permite uma vida melhor para quem pode ter o
olho vivo nele, todos os dias.
Como não podia deixar de ser assim será no
dia especifico de homenagem à Santa que tem em sua missão resguardar os corações
dos bravos guerreiros do mar assim como seus parentes e amores. Acredito que
será um bom dia para deixar as mazelas da cidade para trás, elevar o espírito,
o olhar e orar. Por ela, Rainha de todas as Águas.