Deixei-me levar docemente por tantos
acontecimentos que me vi desabrigada de coerência deixando fluir para o lado de
fora o que me vai por dentro, mesmo desordenadamente, o que me certifica certo
alívio, porque posso buscar entre tanto, o pouco de que preciso. Comecei a
pautar uma seleção primorosa que de cara me assombrou porque constava ali tanto
movimento que não dizia respeito intrínseco à vida de uma maneira em geral, por
este motivo resolvi ter um foco como se alienígena fosse. Com paciência
verifiquei que este era o meu “status” frente ao mundo e, parecia que, ao andar
por caminhos diversos não conseguia de fato encontrar a massa que me perseguia.
De qualquer forma era certo que tudo estava
ali uniforme como uma rocha moldada no tempo e tão imponente como somente
acontece a quem se dá muita importância. Assim, fora de mim, parecia ser de
extrema relevância o que se apresentava, o que me deixou com certa resistência
em separar o joio do trigo. Fiquei receosa de falsear um ou outro dado que eu
resolvesse descartar e ele se mostrasse útil mais adiante. É assim que acontece
com os acumuladores, mas eu decididamente, nunca fui confessa dessa forma de
viver. Muito pelo contrário, e assim me encorajei.
Apurei o olho da alma para enxergar melhor,
para verificar com um mínimo de isenção e boa vontade o que parecia estar demais
no meu entorno e que, até agora, eu não me dava ao luxo de perceber, sendo
surpreendida com tanto desconhecimento do que me persegue às escondidas e de
tudo o que se enfileira na minha retaguarda.
Com muita cautela resolvi ir desmontando o
aparente quebra-cabeça e, ao invés de procurar encaixar as peças eu as fui
descartando como se irrelevantes fossem, apesar da empáfia em parecer
importante ao modo delas. Comecei devagar a limpeza e cheguei aonde eu queria.
Uma mente aberta e sem perseguidores, pronta para todo novo dia que sempre se
abre, generosamente, para mim, como uma página em branco.
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