Chegou apenas espiando, sem fazer barulho,
sem acordar os astros, sem mexer em nada no mundo físico e muito menos no
astral. Não é hora para brincar de nada, de rir muito, de chorar muito menos. A
cara de paisagem é a mais aconselhável. E foi deste modo, com um pé no
desconhecido e outro aparvalhado que ele nasceu olhando para lugar nenhum,
mantendo certa empáfia ao ocultar de si a visão mais ampla. Parecia, pelo menos
para ele, que poderia ser uma atitude mais segura, mais safa.
Veio tímido, sem muita luz e com sopros de
brisa parecendo que tinha algum receio, como se ao pisar de supetão pudesse
estragar a noite anterior, que essa sim, veio para arrebentar a boca do balão,
dos bem e dos mal educados, dos bem ou mal nascidos, dos com saúde ou sem, dos
alegres ou dos tristes, dos com ou sem cachorro, dos importantes ou dos que se
acham. Ele veio para todo mundo e adentrou nossas vidas com algum cuidado, mas
sem pedir licença.
Ele é assim, tem cara de sonso, mas não tem
piedade e vai rasgando de pronto a lembrança que colocou em risco o fígado de
alguns muitos, baixou o olhar de quem falou demais e outro de menos, exacerbou
a autoridade de um em cima do outro e a lista, por ser imensa nem lugar no
papel tem. Com uma tentativa mais corajosa poderia se dizer que as
contemplações mais profundas e com pudor vão se desdobrando para este dia que
pelo jeito não quer amanhecer.
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