Meus ouvidos já andam
escasseando na sua reserva de escuta e por enquanto, se ouço o barulho do mar,
para mim, está de bom tamanho. Demais assuntos eu deixo que o vento determine
se vai levar o som para longe ou se eu mereço ouvir o que esta se falando em
alta voz sendo ele muito digno e pródigo comigo parecendo que já entendeu que
faço cara de poucos amigos para escutar o que eu acho que sequer eu preciso,
quanto mais mereço.
Gosto de ouvir calada porque
é exatamente com este comportamento que vou me enriquecer por dentro e lutar as
minhas próprias batalhas, reservando munição. Faço isto com muito gosto porque
preciso das teclas mudas esperando meus dardos invisíveis que serão disparados,
quando necessário, a torto e a direita e atingirá o inimigo sem que ele
perceba, neutralizando o mal com a sutileza de um “ninja”.
Percebo que a cada dia as
perguntas vão parar no fim da várzea, pois interlocutores se acham escassos e
os que estão disponíveis se encontram em um impedimento contraditório, havendo
certa timidez em externar o que vai pela cabeça, surgindo então um muro
invisível para o entrosamento profícuo e que gere uma boa conversa. Boas falas
é o alimento verbal que advém de perguntas interessantes e assim se desdobram
os termos com bom sentido e lá se vai (ou se ia) a prosa a galope.
O vácuo promovido por um
alerta geral que entubou as conversas mais profícuas, relevantes e variadas nos
faz andar de lado uma vez que não se olha ninguém de frente, a boca esta
escondida, o sorriso sumiu do ar e se pudéssemos nem respiraríamos. Estamos
presos em uma rede invisível e com um caluda de respeito a nos encarar de
frente.