terça-feira, 28 de julho de 2020

Medo



Meus ouvidos já andam escasseando na sua reserva de escuta e por enquanto, se ouço o barulho do mar, para mim, está de bom tamanho. Demais assuntos eu deixo que o vento determine se vai levar o som para longe ou se eu mereço ouvir o que esta se falando em alta voz sendo ele muito digno e pródigo comigo parecendo que já entendeu que faço cara de poucos amigos para escutar o que eu acho que sequer eu preciso, quanto mais mereço.

Gosto de ouvir calada porque é exatamente com este comportamento que vou me enriquecer por dentro e lutar as minhas próprias batalhas, reservando munição. Faço isto com muito gosto porque preciso das teclas mudas esperando meus dardos invisíveis que serão disparados, quando necessário, a torto e a direita e atingirá o inimigo sem que ele perceba, neutralizando o mal com a sutileza de um “ninja”.

Percebo que a cada dia as perguntas vão parar no fim da várzea, pois interlocutores se acham escassos e os que estão disponíveis se encontram em um impedimento contraditório, havendo certa timidez em externar o que vai pela cabeça, surgindo então um muro invisível para o entrosamento profícuo e que gere uma boa conversa. Boas falas é o alimento verbal que advém de perguntas interessantes e assim se desdobram os termos com bom sentido e lá se vai (ou se ia) a prosa a galope.

O vácuo promovido por um alerta geral que entubou as conversas mais profícuas, relevantes e variadas nos faz andar de lado uma vez que não se olha ninguém de frente, a boca esta escondida, o sorriso sumiu do ar e se pudéssemos nem respiraríamos. Estamos presos em uma rede invisível e com um caluda de respeito a nos encarar de frente.

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