O desconhecido nunca se
apresentou formalmente, mas eu sei que ele está ali à espreita como um fantasma,
porém nunca lhe dei credito, justamente por me ser escondida sua personagem.
Como vou dar ouvidos a quem não conheço, como vou certificar o que apresenta se
não vejo suas raízes, a cor dos seus olhos, o som de sua voz e, claro, o calor
do seu abraço e, por fim, sua presença cobiçada ansiosamente. Como vou.
O ignorado se apresenta como
um dia em que tudo é duvida em relação ao clima, que rapidamente se muda para
uma cor cinzenta, nubla furioso e negro para depois, rindo fazer a mutação para
o sol, não sem antes derramar suas chuvas em um jogo de esconde-esconde que nunca
podemos lhe adivinhar os humores. Nem os craques.
Um incógnito nunca comparece
com um código de barras e por este motivo vai entrando na nossa vida sem que
nos apercebamos de imediato, porém, diz a lenda, que os fulanos ficam por ali
cercando, mudos e atentos como se nada fossem ou como se seu significado de
presença fosse irrelevante.
É com o pote cheio de boas
expectativas que se espera sentado o apoio, atenção, receptividade, amor e
respeito dos que se dizem próximos quando orgulhosos bradamos nossas façanhas
através de dizeres particularíssimos e que são limados à exaustão para que se
apresentem dignos a quem é destinado. A espera acaba sendo vã, porque muitos
dos ditos com excelentes códigos de barra à mostra nos vira as costas, finge
que não vê, torce o nariz aos detalhes, estas minúcias que fazem toda a
diferença, porque pode vir dali uma autorização, uma lembrança boa, uma
esperança, enfim.
Com certo encabulamento
tenho que dar a mão à palmatória aos ilustres desconhecidos que sem código de barra
passaram pela catraca da minha vida e a povoaram de comentários, de compartilhamentos
e de parabéns sabendo eu agora com quem posso contar. Antes tarde do que nunca.
2 comentários:
Nelson Pafiadache da Rocha Parabéns por mais este excelente texto prezada amiga. Impecável em tudo. Obrigado por mais este presente. Um abraço!
Leonardo Leiria Vera, prezada: o último parágrafo de teu texto deveria ser emoldurado e colocado na sala principal da Academia Brasileira de Letras.....é monumental!!!!!! Parabéns.
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