terça-feira, 21 de julho de 2020

Uma brecha



Parecia irreal que houvesse acontecido comigo uma coisa dessas, mas ao deitar meu interesse, meus olhos, minha mente e minha realidade ao que eu apenas desconfiava, tive que me render. É muito difícil dar-se conta da mudança há muito acontecida, porem ignorada, por certo pudor em enxergar a ousadia de dar razão a uma desconfiança, pressentimento ou impressão.

Preciso muito dos meus pés no chão, necessito sentir o caminho que ora se apresenta mais fácil, difícil, impossível muitas vezes, porem, em mim, a certeza de chegar a algum lugar e que este vai me levar a uma brecha para encontros reais e será por ali que encontrarei conforto.

Preciso saber quem esta no meu entorno, quem vai segurar minha mão, com quem posso contar e para qual ouvido vou contar meus segredos – poucos é verdade - inconfessáveis na tela, no papel, no celular ou na areia.

Preciso do visor na minha frente como cúmplice, das letras disponíveis a serem enredadas, tintas para o rabisco não se apagar, lápis para registro quando houver dúvida, personagens que enverguem minhas histórias. Apesar de tudo isso necessito com premência de audiência, de resposta e de interação deste quadro que presumo real ao meu redor.

E foi assim que a ilusão se apartou de mim, saiu altaneira como uma Diva porta afora me deixando em palpos de aranha porque perdida me senti ao não encontrar e muito menos reconhecer quem está – ou esteve - por perto. Continuei teimosa na assertiva de que houve algum engano nos cabos do céu, quiçá do inferno, sei lá. E foi com o coração na boca que corri para o abraço dos amigos virtuais.

Um comentário:

m.reginasouza68@gmail.com disse...

Mais um texto cheio de sensibilidade. Parabéns, Vera.

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