Os papéis estão rôtos, as
canetas sem tinta e o lápis sem ponta. Não há resma de papel, tinteiro ou
apontador que dê conta da faina criadora dos escreventes que por qualquer
motivo ou – nenhum – se atiram em suas mesas de trabalho, em seus cadernos de
rabiscos, nos guardanapos dos bares, no ar e até nas paredes, conforme o caso. A
areia da beira da praia serve para anotações mais insólitas e que acabam sem
serventia porque as espumas praianas varrem delicada, e com muita honra as
inconfidências provocadas pelo arroubo dos escritores.
A cabeça, para eles, é um
acessório mirabolante, é uma fabrica de fazer causos e todo dia partem para a
luta insana de grafar com capricho o encadeado de letras utilizando os
elementos que a vida fornece, ou para outros, o inferno que lhe vai por dentro.
Muitos concluem que a única saída para o sofrimento da vida é frisar em negrito
tudo o que se passa pela frente, pelos lados e também por detrás de sua vista.
Ali estão sendo bem ditas as suas verdades e como missioneiros de historias -
bem ou mal contadas - vai em frente a alvoraçada turma da caneta.
Os pensamentos guerreados em
surda intimidade ganham o mundo e tem em sua origem a expectativa de sucesso ao
cair no colo de todos que flanam nas beiradas do que se diz, do que se ouve e,
principalmente, do que se escreve. Ao derredor dos letreiros garrafais - ou nem
tanto – pululam todas as mentes.
Ali estão todos reunidos
para interpretar com um capricho próprio o que lhe sugeriram ou, no mais das
vezes o que lhe fronteou os olhos. Os recados escondidos dentro destas missivas
vão abalroando todo tipo de gente, desde o mais inculto ao mais douto. Todos
levam as letras enredadas para dentro de si e hão de se confrontar com suas
próprias ideias e instrução passando pelo corredor atravancado dos sentimentos
vis como a inveja, a covardia e a ignorância. Para poucos, muito poucos.
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