Acordei tonta, estremunhada e diferente. Vaguei pela casa esquecendo a rotina
de ligar a cafeteira, o computador e voltar para cama esperando que a vida
acabasse ou se, não houvesse jeito mesmo, eu teria de levantar.
Desta feita, não pensei nada disso, não me
olhei no espelho como sempre faço para ver as rugas do dia e também não
quis saber de noticias, de imprensa, de tragédia. Enxergar os cabelos brancos
também já larguei de mão e agora o que eu faço todo dia é ver se ele branqueou
mais porque me entreguei a ele com devoção.
Também não olhei para ver se tinha sol ou se o tempo me dizia que eu deveria
saltar em cima de uma bike e pedalar furiosamente aqueles 20 quilômetros dos
diabos ou se deveria ir para academia. Na verdade, não me pareceu que eu
fizesse exercícios ou me preocupasse com isso.
Continuei desarrumada, descalça e sem rumo e me dei conta que eu não sabia se
estava na cidade ou na praia e não tinha a menor idéia se precisava
trabalhar, ter de articular conversas bobas, me rebelar ou dormir toda a tarde.
Senti que faltava alguma coisa, tipo um ou mais fãs, um namorado, mas nada me
veio na lembrança e fiquei pensando que seria sómente uma fase. Neste
delírio o sol afundou no horizonte e eu compreendi.
Um comentário:
Vera querida,
como eu gostaria de me mostrar mais, como fazes. Vou ter que dar um jeito na minha cabeça. Então... Beijos.
Maria Rosa
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