domingo, 18 de agosto de 2013

Intervalo



Acordei tonta, estremunhada e diferente. Vaguei pela casa esquecendo a rotina de ligar a cafeteira, o computador e voltar para cama esperando que a vida acabasse ou se, não houvesse jeito mesmo, eu teria de levantar.
Desta feita, não pensei nada disso, não me olhei no espelho como sempre faço para ver  as rugas do dia e também não quis saber de noticias, de imprensa, de tragédia. Enxergar os cabelos brancos também já larguei de mão e agora o que eu faço todo dia é ver  se ele branqueou mais porque me entreguei a ele com devoção.

Também não olhei para ver se tinha sol ou se o tempo me dizia que eu deveria saltar em cima de uma bike e pedalar furiosamente aqueles 20 quilômetros dos diabos ou se deveria ir para academia. Na verdade, não me pareceu que eu fizesse exercícios ou me preocupasse com isso.

Continuei desarrumada, descalça e sem rumo e me dei conta que eu não sabia se estava na cidade ou na praia e  não tinha a menor idéia se precisava trabalhar, ter de articular conversas bobas, me rebelar ou dormir toda a tarde.

Senti que faltava alguma coisa, tipo um ou mais fãs, um namorado, mas nada me veio na lembrança e fiquei pensando que seria sómente uma fase.

Neste delírio o sol afundou no horizonte e eu compreendi.
Passei o dia, alhures, com 25 anos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vera querida,
como eu gostaria de me mostrar mais, como fazes. Vou ter que dar um jeito na minha cabeça. Então... Beijos.
Maria Rosa

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...