domingo, 6 de fevereiro de 2011

Marionete



O cabo ligado em cordas disfarçadas de seda movia todos os seus membros, acionando braços e pernas sem vida de si, mas outorgada a outrem como se fosse um ímã. A sensação de ser um títere, cuja personalidade se foi há muito, ou talvez nunca tenha se estabelecido, foi relevante para que a dança de marionete se fundasse.

Em um levante de dedos todos os comandos em alta com a cabeça se agitando e sendo obrigada a enxergar a demanda do autor. A situação se movimentou em muitos e certa fraqueza assolou o articulista que começou a derrear comandos, deixando o marionete por sua própria conta. Acovardou-se, o pobre, na batida ligeira de todos enredados. Fugiu.

Atirado ao solo, sem as amarras que lhe montavam a carcaça e livre dos cabos que lhe concediam o movimento autorizado, recuperou sozinho sua identidade roubada, por um período, com seu próprio consentimento, diga-se a verdade.
Um pouco resvalado e ainda com a sensação da linha de força a lhe enlaçar, lá se foi o marionete. Em direção a si mesmo, por enquanto.


Um comentário:

Mirosa disse...

Vera,
que linda imagem!!! Dá para imaginar algumas pessoas. Dá para imaginar-se em alguns momentos.
Beijos.
Maria Rosa

Banho de mar

  Engatei a marcha da resolução, pisei firme o pé na areia úmida e gelada seguindo com os olhos vidrados na maré vinda de alto mar até morre...