Gosto da impermanência do tempo que não segue ordens do andar de baixo e muito menos do andar de cima decidindo todos os dias uma sina diferente onde suas cores sempre são díspares e o humor variável arremete a um bom dia cheio de expectativas, sem nenhuma exatidão, o que soa muito divertido. A ordem é flanar o olhar sem se reter em nenhuma paisagem deixando que a brisa leve da vida se encarregue de instruir o lado perfeito do dia e o corpo sinta com profundidade o frio e o calor da natureza em constante movimento.
Esta desordem deliciosa e matutina aparece sempre sem avisar e sem bater na porta vai entrando e com ares de soberana designa a luz que passeia independente, entrelaçando a sombra com múltiplas formas, algumas com ares expansivos, outras se escondem e outras ainda se agrandam na concepção do movimento em perspectiva criado neste momento fortuito de feixes iluminadores que imagina e busca o incidental.
Necessário vagar por entre o
espectro formado pelo dia que vai acontecendo suavemente, minuto a minuto,
cambiando a sombra da noite pela luz matinal que, por obrigação, coloca tudo na
aparência real, deixando para trás os fantasmas da noite, a assombração que se
alterna e as formas inusitadas que obedecem a dança da impermanência em meio ao
burburinho do amanhecer.