quinta-feira, 29 de abril de 2021

A impermanência

 

Gosto da impermanência do tempo que não segue ordens do andar de baixo e muito menos do andar de cima decidindo todos os dias uma sina diferente onde suas cores sempre são díspares e o humor variável arremete a um bom dia cheio de expectativas, sem nenhuma exatidão, o que soa muito divertido. A ordem é flanar o olhar sem se reter em nenhuma paisagem deixando que a brisa leve da vida se encarregue de instruir o lado perfeito do dia e o corpo sinta com profundidade o frio e o calor da natureza em constante movimento. 

Esta desordem deliciosa e matutina aparece sempre sem avisar e sem bater na porta vai entrando e com ares de soberana designa a luz que passeia independente, entrelaçando a sombra com múltiplas formas, algumas com ares expansivos, outras se escondem e outras ainda se agrandam na concepção do movimento em perspectiva criado neste momento fortuito de feixes iluminadores que imagina e busca o incidental. 

Necessário vagar por entre o espectro formado pelo dia que vai acontecendo suavemente, minuto a minuto, cambiando a sombra da noite pela luz matinal que, por obrigação, coloca tudo na aparência real, deixando para trás os fantasmas da noite, a assombração que se alterna e as formas inusitadas que obedecem a dança da impermanência em meio ao burburinho do amanhecer.

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...