Resolvi pegar aquele sorriso emprestado que passou como se ele estivesse cravado para todo o sempre naquele rosto que também rescindia a uma alegria bem antiga, com uma formação mais inusitada e orgânica que ao invés de transparecer o cinzento que delicadamente lhe ia por dentro, ressaltava uma vivacidade reluzente através de uma testa iluminada, bochechas rosadas e nariz empinado o que concordei que estava muito bem posto neste retrato que descobri por acaso nas gavetas semiabertas da história contada.
Foi desta maneira que hoje pela manhã adotei o comodato inusitado que parte para fora de si, do corpo, da alma, e me arvorei a utilizar esta tática como se minha fosse e sair por ai palmilhando com pressa o que acontece ou o que pode acontecer através desta marca ilustrada e incorporada. Quem sabe por detrás da uma suspeita surja a verdade, atrás de uma traição um pedido de socorro e pode também o acaso vir a bater na porta e encontrar tudo desarrumado e assim de surpresa em surpresa do desarrumo, o arranjo poderá aparecer feito este sorriso que pedi emprestado. É de outro tempo, mas vale de qualquer forma.
Com esta careta que brilha
mais que fogo-fátuo tenho absoluta convicção que vou encontrar a velharia
escondida pelos cantos louca para levar um bom lustro de atualidade, as
biografias amareladas e carcomidas pelas traças implorando por restauradores
compadecidos com o que não se pode deixar esfarelar e assim, vem vindo ao encontro
desta cara colorida que me veste tudo o que se acha na fila do descaso. Comprometida
resolvi encarar o desafio e coloquei tudo em pratos limpos e na gaveta da
rotina adequada e assim que completei o serviço devolvi o Sorriso das Antigas
que, por necessidade, tive que pedir emprestado ao tempo passado.
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