sábado, 23 de janeiro de 2021

O interesseiro

Chega sempre de forma lenta, rasteira, parecendo com uma brisa leve vinda do mar, sem assombro envolvendo com suavidade o cativado e, como não poderia deixar de ser a eficácia da abordagem cinge como lindo laço de fita cor de rosa o alvo que agora está à mercê da roda sinistra que se instala por perto deixando praticamente tudo sem chance de escape. 

Como tudo que é – ou parece bom - vai se espalhando com singeleza nas abordagens e as demandas são tão sutis que de pronto atendidas e assim numa sequencia interminável a rotina avança sempre na tentativa de desatar os nós que aparecem do nada, mesmo que a ponta da flecha não lhe tenha mirado a testa, tudo vai ocorrendo na mais perfeita desarmonia do abuso do tempo, do espaço e da vida. 

Segue o tempo para frente onde os braços compridos do calculador manipulam o passado, o presente e se lançam no futuro com muita coragem, aliás, de fazer inveja aos menos afortunados de confiança, a quem tem as pernas mais enfraquecidas no andar, uma alma mais tranquila que se deixa levar aqui e ali por curiosidade, duvida, boa vontade, pois, afinal, não custa nada. 

O enredo parece de fácil entendimento, porém sempre tem aquele momento do excesso, do limite transposto que deixa uma marca que a ingenuidade até agora ignorou, ou talvez, a boa vontade andou elevando sua potência talvez por perceber que o entendido jaz absurdo e o cansaço resolve - por ser o seu destino - colocar uma pedra em cima e seguir por outro caminho onde não surja tanta bruma imposta pelo cobiçoso energético de plantão e assim se aprende a lição.

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