A energia do momento está fazendo que o meu pular da cama ocorra muito cedo e nem bem o sol me deu bom dia começo a faxinar tudo o que me aparece pela frente, mas, apesar do pano na mão não ando conseguindo encontrar por aqui sujeira mais densa, salvo uma ou outra melação de maresia que certamente muito me agrada e quando as percebo lanço mão de uma flanela bem macia que não há de machucar o pouso cristalino que vem do mar e acha por bem se achegar em um ou outro objeto da casa. Aroma e brisa praiana são muito respeitados por mim.
Este volteio tão madrugador me fez enxergar o invisível e o que pode haver por detrás desta aparente limpeza do ambiente montado parecendo, a mim, surgir da neblina, que sói acontecer vez ou outra, algum suspiro escondido, um sorriso cínico, uma fala mansa que traz um rebotalho astral se insinuando pelas frestas, pelos cantos da veneziana, pela fechadura, pela janela mal fechada quem sabe até rastejando por debaixo da porta.
Por sorte, além da minha flanela clássica tenho a minha mente desperta para o lixo cósmico que por ventura ouse aportar por aqui e assim me apoderei daquela vassourinha mágica regida pelos meus pensamentos. Aprumei a mira porque a sina da falsidade tem como destino a sanga que por aqui se atravessa em busca do mar e logo ali irão se misturar em hilária alegria, com os moradores do quebra-mar, sal a gosto, tatuíras esfaimadas, caranguejos em posição e mães d’agua mortíferas. Nada mau.
Na sequencia bateram na
porta, eu abri de par em par, pois sempre penso que pode chegar uma boa visita
e qual não foi a minha surpresa, enfileirados, sorridentes e com bênçãos nas
mãos surge meus amigos da “nuvem”. Ali estava ela abrigando com pompa e
circunstância todos aqueles amigos que circulam pelo planeta e moram no
coração. Feliz Ano Novo.