sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Dezembro

 

Ele sempre chega com a bola cheia, animado, e por aqui, pelas bandas do mar não consegue se conter de tanta animação porque de certo, gosta de ser o Rei da Várzea que termina um período e encabeça o outro, trazendo para o lugar toda a traquitana que o povo possa carregar. Na esquina é anunciado como sendo potente e exuberante não importa se tem vento, o mar de ressaca o povo apinhado, o que vale para ele é que todos lhe têm voltado os olhos e a admiração por encabeçar um fim e a soberba de dar a ver um inicio. 

Por este – ou estes – motivos a gentalha esbaforida se acumula pelos cantos dos confins da terra como se não houvesse amanhã ou como se efetivamente o fim do mundo fosse acontecer logo ali no fim do dito mês. Ledo engano, e eu, nesta fase de pouca coisa frente ao mundo admito que bom seria se o fosse, porque gostaria de assistir do “Camarote 70” o Universo dando conta da faxina real e não imaginária que na minha ideia daria uma boa aliviada na carga. 

Nem tudo são sonhos de apocalipse e a Roda Gigante do mês de Dezembro começa a girar sem freio espalhando como praga mortal necessidades nunca antes imaginadas, do nada o que se tem em casa ficou velho repentinamente e necessita ser renovado, a cada clic nas Redes Sociais surge aquela premente falta que faz na sua vida coisas que sequer haviam passado pela cabeça, é imperioso vestir-se com as cores que detesta, beber até cair porque senão, não vale o brinde, e, principalmente assistir, de pé, pela “Rede” extrema e completa felicidade das Famílias nas comemorações. 

Um pouco escanteada, com voz esganiçada e rara timidez a Realidade da Vida surge neste panorama - que nunca se cansa de estar caótico – dando uma pinta de que nem tudo está perdido. Pasmem, há luz no fim do túnel se o houver um breque minimamente radical para que haja um tempo de incorporar o Verdadeiro Espirito de Natal. Voilà!

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