Meus olhos andam vergados nas frestas que pululam no espaço físico, acantonadas e à disposição de terem seus rasgos exíguos invadidos pelo olhar que por ora se dá permissão para o mínimo, uma envesgada para o lado de fora e assistir o mundo exterior se processando com relevante discrição e lerdeza me apoderando assim do que posso vislumbrar por entre cortinas, vão de veneziana, fenda na madeira, racha na parede.
Coloquei o mar na mira com um recorte horizontal e fiquei em duvida se mirava o horizonte com seu manancial de água verde e profunda dando a entender que os segredos ali guardados vão além de uma mirada entre persiana. É de imaginar que por ali estão escondidos os segredos dos náufragos, da fauna e flora profunda, dos afogados, dos barcos que foram a pique, dos destinos alterados pelo vento e a maré. Decidi ficar com a vista presa nesta tira como se eu fosse um marinheiro de primeira hora.
A frincha escolhida atravessou com vertical importância a rua parando na murada do arvoredo em frente que canta e dança o ano todo no balanço dos ventos da praia que depois do sol reina absoluto, balançando perigosamente os ninhos, assustando as pernas envergadas dos velhos, alevantando a saia da mulherada, fazendo os chapéus de aba larga voar e muitas vezes não serem alcançados, arrematando com o espraiamento das sementes, mas não sem antes se dedicar ao que mais gosta: devolver as areias da beira da praia ao seu devido lugar.
Diminuir a vista do entorno
trouxe meu olhar para dentro internalizando o prumo dentro de mim e assim o
passeio neste interstício aponta os livros, companheiros fiéis, que mudos e
empilhados com determinada graça, aguardam meu olhar, meu carinho com flanela
em punho lhe tirando de cima o mundo que se pulveriza por e entre eles. Será
nesta greta interna que me quedarei, por ora.
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