terça-feira, 15 de dezembro de 2020

A bolha

Já sai porta afora tantas e tantas vezes, algumas levando uma mala cheia que pesava mais na minha alma do que nos ombros e quando cheguei ao destino me dei conta que andava carregando peso em excesso e muitas coisas inúteis. Assim, além da mala se foi o conteúdo. Também já me evadi com a mochila aquela pequena que fazia parte de mim no vai e vem da vida, mas, quando decidi somente ir ela também não teve mais serventia e está ociosa esperando que eu me liberte de algo que nem posso imaginar o que venha a ser, ou, vai ver que ela está de olho em mim aguardando que eu mude de ideia. 

Por ora embarquei em uma bolha imaginaria porque de certo preciso com premência fazer mudanças efetivas no que anda me entrando de vereda pelos olhos e ouvidos deste rolê mundano e gago que singra em tantos e todos os mares. Vou acomodar meu olhar na transparência que eu desejo ter na minha volta e para que isto aconteça se faz necessário enxergar o que parece invisível a olho nu. 

Me aboletei ali muito determinada, fui rolando bem devagar por entre as opções que a mim se apresentavam, todas muito bem vestidas, algumas com muitas cores, outras em tom sobre tom contrastando com o monocromático. As letras todas eram garrafais muito bem acomodadas em elegante aparato. A ordem ali me pareceu que, desta feita, há que se escolher com urgência alguma das opções e assim segui, rolando por ali como se fosse fim de feira dentro da minha bolha vazia de sentido. No fim do caminho resolvi que ficaria por mais um tempo acomodada nesta bolha esvaziada do sentido de outros.

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