Tenho saudades de pouca
coisa, muito pouca coisa mesmo, mas me surpreendi que entre estas raras, uma tem
a ver com conversa fiada, logo eu, que ando por ai sempre querendo aprofundar o
assunto, filosofar sobre tudo, achar que tudo tem um sentido e que não podemos
– nem devemos – jogar fora interlocuções profícuas e correr das de menos como o
diabo foge da cruz quando elas aparecem, nem forçando ou na marra.
Resolvi me deter no assunto
para dar uma virada de página mais radical e me certificar que meus neurônios
não viciaram na audição peremptória e maçante destes dias, longos dias na
verdade que até me fazem esquecer a quantas eu ando, o dia se confunde junto
com as datas e o por do sol chega tão perto do amanhecer que fico mesmo
confusa. Deve ser por este motivo que resolvi lembrar do que eu tanto achava
ruim e de pouca serventia.
Vai daí que além da conversa
fiada execrada por mim lembrei-me de outros colóquios malditos que sempre
aconteciam quando eu menos esperava, como por exemplo, dobrar a esquina e me encontrar
de frente ao vizinho boca suja que só sabe falar mal dos outros e com uma
fieira tão grande de desabonos de tudo e de todos que me dava engulhos. Era
muito difícil cair fora da corja grudenta, mas me dei conta que até destes eu
não ando fugindo, talvez porque agora
são raros.
Por fim, lembrei-me da
conversa de salão onde não há o que de mais desconexo possa acontecer em uma
reunião de pessoas desconhecidas. Não é o fato de ser somente um público
feminino, não. Sempre ao frequentar estes centros entro muda e saio calada
porque ouvir as conversas cruzadas se constitui em um manancial de assombro que
perdura por muitos dias. Digo isso porque ao sair do lugar, de pronto me sento
em qualquer mureta anotando o que me servirá para historias. Deste sim, sinto
falta.
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