Tenho certeza que a natureza conspira com o
sagrado quando está para chegar o tempo da Paixão de Cristo principalmente
neste lugar onde se tem um clima que envolve positivamente as almas mesmo para
quem aposta corrida contra si mesmo todo dia, deixando o tempo sem tempo. O
calendário, porém, é implacável
demonstrando toda a manhã que a celebração mais importante da
cristandade está por perto.
Após o lufa-lufa do calor que parece sempre
instigar os ânimos para um tom sempre mais alto, todo o entorno arrefece o
alarido dando lugar a um ensimesmar-se, um baixar os olhos em sinal de
respeito, sorrisos moderados, alegria incertas
e muita oração.
A liturgia que envolve os preparativos para a
Páscoa sempre inicia pela reflexão e pela humildade de reconhecer-se como um
ser humano que necessita, por força da história, alimentar-se da fé. É uma
ocasião importante para apiedar-se dos menos afortunados, de sentir bem no
fundo da nossa alma a chama divina da esperança e ter como propósito refletir
sobre a melhora da vida humana em todo o seu contexto.
O silêncio é imperativo e a proximidade da
natureza vem acrescentar detalhes que talvez passassem despercebidos se o olhar
não estiver atento. A reflexão se consagra como um ato de fé e de coragem de
seguir em frente, agora mais forte.