A queimação do verão ainda paira no ar quase
que em todos os recantos da natureza e um pouco no semblante do povaréu que
insiste em ficar por aqui, que resiste em guardar as roupas de praia, que demora
em se acostumar que a estação do despir já está começando. De fato, para o
praieiro da gema, mudar a indumentária quase não acontece, afinal, o mar está
sempre ali e o chinelo de dedo não se aparta de ninguém. O coração está sempre
aquecido de amor pela beira do mar e o frio não chega a acontecer.
Os sinais surgem muito discretamente na
natureza que, mesmo resistente, vai deixando o desfolhar ocorrer dando um
recado para os ventos não ficarem estabanando tudo o que é deixado ao solo uma
vez que este estirar-se junto ao tronco é a última homenagem a quem lhe deu a
vida, quem lhe fez brotar suas folhas e flores a partir de sua seiva
motivadora.
O mais instigante deste tempo de outono que
inicia é a paradeira no ar que acontece como se fosse um silêncio reverenciado que
se instala dominador desde o alvorecer até o apagar das luzes no céu. A
calmaria se espalha pelas ruas entrando nas residências sem que ninguém tenha a
coragem de arrulhar no contrapé, de destituir a soberania da natureza que neste
momento clama pela caluda.
O período é de deixar cair por terra o que
tem seu fim proposto pela estação outonal e assim vai acontecendo, com as
folhas que se apartam dos seus troncos e caules vivenciando a transformação da
natureza que colore com todos os matizes quantos lhe aprouver, deixando o solo
revestido por um lindo tapete natural. O mar, sempre imprevisível, recua em
ondas deixando o protagonismo para o solo que aproveita o espaço para receber
os coadjuvantes do solstício de outono.
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