Ela se reúne, empoça e escolhe a dedo a
trilha aonde vai se esparramar, todas elas escolhidas com cuidado porque o seu
destino é dar vida ao caminho que acompanha sua trajetória e assim vai
vicejando as encostas, deixando em estado de progresso seus banhados. A água
possui uma limpidez translucida em todas as suas nascentes, o que não quer
dizer que esta imagem consiga transcorrer deste modo toda a sua passagem pelo
território.
Existem tantas linhas cruzadas a partir de uma
vertente, variando seu destino conforme os meandros da topografia, que nunca é
de livre arbítrio, muito pelo contrario, seguir incólume na sina vítrea como
manda a natureza que a criou. O solo é quem propõe o traçado e então a água vai
permeando o caminho que o planeta proveu.
Pobre nascente! Borbulha cristalina
inicialmente, porém, tem seu destino traçado a percorrer tantos caminhos
quantos a natureza pródiga lhe determinou, e assim o faz sem pestanejar. Lá se
vai ela sinuosamente invadindo terras, montes e colinas que poderá ser da mais
agreste e inóspita até a mais pujante, sem sequer imaginar as modificações que
seu curso irá sofrer por outros coadjuvantes que permeiam o caminho.
Recém-nascida, não surge muita surpresa,
porém, ao engrossar seu leito brota no caminho desvios que a remete por debaixo
da terra e deste jeito se vê atravessando grandes conglomerados de cimento com
tuneis de concreto lhe oferecendo passagem. Assim fica determinado que naquele
lugar a nascente carece de esconder-se o que de certo modo não é coerente com a
sua criação.
Em outro tanto do percurso suas águas até
então cristalinas se transformam em um espesso caldo escuro sem que o curso
possa ser cancelado e deste jeito triste, aquele olho d’água vítreo advindo dos
montes se transforma em caudaloso córrego fétido. Nas suas margens a humanidade
faz o desserviço. Pobre planeta, triste fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário