Neste dia me joguei em qualquer caminho que
se apresentasse porque dentro de mim não havia mais espaço para meus
pensamentos e muito menos para ouvir o que a vida resolvesse vociferar. Não sei
direito meu estado uma vez que o mar me chama à chincha e lá vou eu estabanada
atender o chamado imperioso, como se não houvesse outro dia pela frente, como
se essa fosse a única opção, como se fosse uma cruza de vida ou morte. A
disposição é essa, é só me chamar que eu vou.
Não demorei muito para encontrar a saída, ora
veja, na beira da praia bem como é peculiar. Assim eu a encontrei, impecável e
solitária parecendo me esperar e ao chão me joguei para ter a oportunidade de
ouvir o que até mim não chegava, por um, ou por todos os motivos. Ávida, nem
bem a resgatei e já minhas lágrimas lavavam a pequena estrutura que se mostrou
receptiva às demandas que me afligiam.
Não precisei aproximar a linda concha,
enviada por Netuno, pois de cara percebi que os primeiros acordes sonoros já
haviam me rondado em sonhos, em mensagens dúbias, em versos mal feitos,
súplicas infundadas, enfim, um restolho de recados que já haviam me alcançado
como falácias e eu não lhes havia dado crédito, afinal, o que não vem para
somar, descartado está.
Resolvi virar o jogo e assim me assentei, bem
na beira do mar, com a vieira em punho e com a certeza de relatar àquela acústica
tudo o que se passava no meu coração porque, deste jeito, eu tinha convicção
que boas lembranças adviriam. Minha aposta no mar foi um sucesso uma vez que comecei
a escutar todos os acordes sonoros líricos que aquelas lembranças outrora me
fizeram dançar, sorrir e desejar que assim a vida seguisse, mesmo em dúvida.
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