quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Máscara de carnaval



É chegada a hora da farra, aquela farra que para muitos soa como uma válvula de escape das pressões da vida e para outros como sendo um grilhão que atazana a calmaria almejada em qualquer sitio em que se aquerencie.  De um lado a urgência de quem precisa despressurizar o cotidiano e somente alcança este estagio quando acontece um modo generalizado de permissão para poder escafeder tudo o que lhe tranca por dentro. Deve ser por incompetência própria de não saber divisar o bom do ruim para si mesmo no decorrer dos dias atribulados e assim acontece o desvario.

A data é essa, sair no bloco de rua, no salão de festas do condomínio, na escola de samba, na avenida, na ruela e cem mais lugares que aceite a farra do desfile na cor de cada um. De certo modo se apresenta ali um numero de possibilidades inimagináveis de se mostrar ao mundo, e a máscara é o argumento mais do que perfeito para que tudo aconteça por debaixo dos panos, e assim as providencias para escancarar a farra tem livre arbítrio da data.

No propósito de uma festa popular quem na vida tem seu destino preso a um gênero, seja qual for, irá escolher uma camuflagem que seja do seu contrario, de tímido para audacioso, de presumido para humilde, de fanfarrão para submisso, havendo assim esta salada de desejos enrustidos que afloram nesta ocasião justamente para sacudir a mesmice.

As máscaras estão aí com toda a sua pompa e brilho desafiando as personalidades a envergarem seus mais escondidos desejos mesmo que isso não lhes apareça na consciência. É uma festa ímpar e de um colorido embriagador e assim o poltrão de carteirinha escolhe o disfarce de cor azul cintilante pretendendo com isso que ele alcance a simpatia dos incautos, o sabujo se reveste de roupas fulgentes para esconder-se e, os demais, apenas utilizam adereços divertidos, afinal, festa é festa. Escondidos, os avessos a balburdia observam serenos com uma singular vela acesa no cantinho, apenas no aguardo do término.  

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