Caminhei a esmo para ter certeza que eu agora
podia me permitir a fazer isso sempre que quisesse, uma vez que resolvi o meu
destino de forma mais condizente com o meu avançar no mundo, na vida, no
sofrimento, nos anos enfim. E assim eu fui encontrando tudo um pouco igual e
parecido somente com outras cores, outros cheiros e matizes.
Naquele espaço onde todas as ferramentas para
tornar uma pessoa mais asseada, mais bonita fisicamente, atraente e com seus
pontos fortes valorizados, parecia mesmo o templo do belo. Ali não havia espaço
para o não tratado, o desfeito, o inadequado e acompanhando o perfil do negócio
a conversa anda na perfeição com um conhecimento detalhado das clientes. O
entra e sai é dinâmico e o dia parece ser bem movimentado. Que sorte. O varejo
dá vida as ruas, enriquece os relacionamentos, deixa calçadas varridas, ruas
repletas de carros, de gente, de um lufa lufa e entre e sai que dá gosto de
ver.
Sigo a rua aonde vou encontrando lojas mais
inusitadas onde tudo é vendido por um único preço, qualquer coisa, maiores e
menores. Reflete uma cobiça de aquisição que nem posso imaginar, afinal, os
objetos, seja de que natureza for tem o seu valor marcado como uma peça, mas
para cada comprador ele tem um preço mais particular, para mais ou para menos
ou até quem sabe, não tem preço. Os olhos brilham e vagam de peça em peça,
excitadíssimos ao perceber a oportunidade de adquirir tanto, ou tão variado,
por tão pouco.
Não contente com esta surpresa encontro outra
loja onde as roupas custam muito pouco, para homens, mulheres e crianças. Tenho
a convicção que qualquer pessoa pode entrar nua no estabelecimento e sair
vestido e quentinho se for frio e serelepe e leve como uma brisa de verão. Isto
tudo por um punhado de moedas.
Continuo a caminhada cujo compromisso mora na
observação, no fortuito desejo de encontrar o que ninguém vê, de perceber o
mistério do comercio de rua que existe com espaços vizinhos um do outro
separados apenas por uma parede de tijolos, por perfis de compra e venda
diferentes mas que possuem a única vertente cobiçada que transita com ou sem
propósito, pelas calçadas bem cuidadas.
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