quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Minha alma


Fiquei ali de cantinho, tentando me esconder do tumultuado entorno que praticamente me rouba a alma e assim, com requinte de crueldade extrema a levam por ai, com a clara tentativa de torná-la de melhor serventia social ou quem sabe escraviza-la para os fins que ainda serão deliberados, pois o tempo quente é de fazer tudo ao contrário. Dei-me por conta que, de certa maneira, possam eles me considerar uma ameaça para a rotina alheia, porque em mim de corpo e alma pulsam outros desejos, outros caminhos, outras metas, outros pensamentos e, mais do que tudo, outras necessidades.

Apesar do meu esforço, não consegui brecar a turba ignara de ocasião que fez de refém o meu espirito e vai daí que me perdi de tal maneira que não sei direito quais os meus horários, meus hábitos bagunçaram de tal forma que levanto de madrugada para que, por alguns instantes, eu possa pensar que estou inteira e sã. E assim, fria, eu consiga alisar a camisola para ter certeza que meu corpo ainda está ali, que meus pés pisem no chão gelado para confirmar que sou corpo físico, que meus olhos se integrem ao negror da noite sem estrelas e deste jeito eu não me sinta tão tragada pela temporada. 

E assim, com este toque destrambelhado, vou antagonizando meus algozes pregando-lhe peças, fazendo apostas de esconde-esconde onde meu espírito livre passa a perna na realidade sempre com o objetivo de voltar para o lugar de onde nunca deveria ter se evadido. Muito menos à força.

Sigo no encalço da minha alma roubada pelos quadrilheiros e vez ou outra, quando consigo lhe colocar a mão vejo o quão inócua se faz minha atitude, porque lá se vai ela para tantos outros convescotes, parecendo um palhaço mambembe que de tão colorido fura os olhos.

Acabei ficando com pena desta minha alma aprisionada pelos outros e que me pertence e, assim, em um momento de fraqueza, decidi juntar-me a ela, afinal, são tão poucos dias para assistir a loucura desta gente que talvez seja de muito bom tom não me apartar. Quiçá, com estes algozes de plantão terei um manancial de argumentos para realizar uma grande fogueira das vaidades imaginária, na beira do mar, e deste modo ovacionar a chegada do fim dos tempos ruins.

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