Com passadas cadenciadas, olhar afundado ao chão, seguia
sempre do mesmo jeito, todos os dias, contorcendo seus pés nas areias macias,
em alguns momentos, em outros lisa e dura como pedra. Aliviava todo o corpo
tenso ao tocar este chão, diferente a cada dia enquanto o espírito nublava e
arejava.
A cabeça pendia de um lado e outro, vagarosa, acompanhando o
vagar insuspeito do pensamento. Os ombros fortes se negavam a seguir o ritmo do
olhar se deixando ficar firmes mas parecendo inconsoláveis. Assim toda a massa
física se comportava.
Seguia lento no pé ante pé, absorto, e não via nada do que
acontecia ao redor. Tão inexpugnável que poderia acontecer o que fosse, que do
fundo da beira da praia aquele olhar não levantava.
A visão descarada se projetava como um ímã nas profundezas do
solo como se ali estivesse o seu vôo, calculado milimetricamente como tão bem
fazia entre nuvens. Seu corpo no costume do vôo solo, ouvindo o silêncio azul
dos céus, brincando de esconde-esconde com nuvens em polvorosa querendo se
esvair em águas, absorto em sofisticação tecnológica e comandos determinantes
que resolviam todos os seus caminhos.
Agora, são tatuíras que passeiam em sua frente e mariscos lhe
ferem os pés. Magnetizado cada vez mais pela superfície praiana, adentra por
entre caranguejos, galopa no dorso de cavalos marinhos, nada em cardumes,
descansa no casco da tartaruga gigante. Se esconde de si mesmo nas algas e
corais e foge das mães-d’água. Um exílio projetado que parece não ter fim.
Finalmente, ergue o
olhar e diz: Oi !
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 6 de março de 2011
Céus e terras
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Um comentário:
Que voo subterrâneo e interior, hein!Beijos.
Maria Rosa
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