Eu sinto falta de tanta coisa. Todas elas são coisas
pequenas. São as que mais me falta fazem. Uma carta, um bilhetinho, um
telefonema, já bastam para colocar a vida num compasso bem bacana. Sendo
bem cafona, vou dizer que sinto falta da fala ao telefone. Da linha fixa, estou
me referindo. Esta tecnologia esquecida.
Sinto falta do “trimmmm...trimmmm....trimmm” e da desvairada corrida da cozinha pra sala para
atender o amor que te chama e já tava na hora, ou do amigo para te contar o
mais recente babado, ou pra te perguntar como vais ou para nada, enfim. Ou o
filho, quiçá, que com sorte lembrou de você nas distâncias calorentas do
nordeste. O telefone faz parte das minhas mais remotas alegrias. Continuo
amando seu toque, como um fetiche da boa notícia. Nem sempre advirão.
Ao telefone acontece esta coisa antiga, que se chama - conversa - que nos faz sentar bem confortavelmente , colocar as pernas
para cima e vicejar um bate-papo de fazer inveja às comadres dos tempos idos.
Cada vez mais rara a prática. Nesta conversa, os olhos podem migrar nas
paisagens através das janelas de casa ou do escritório. As risadas te fazem
jogar cabeça e cabelos para trás numa entrega inusitada e feliz com frouxos de
riso que me dão muita nostalgia. No diálogo, sempre surgem novas teorias e até
soluções para os mais variados problemas. Na sucessão sem pressa dos acordos,
se pode falar o que quiser e a mente vai abrindo as gavetas e soltando palavras
presas, sufocadas, que agora alegres, enriquecem a linguagem, capricham nos
sinônimos e na criatividade. Expressar-se verbalmente é também uma forma de
colocar os demônios variáveis para fora.
Muita descontração e risada acontecem nos telefonemas de
horas e o assunto vai de um lado para outro, veloz. Normalmente a conversa
termina sem se saber direito com qual tema iniciou. No fim, uma sensação
gostosa de passar um tempo na paz e com quem você gosta de verdade.
Mas, agora, tudo é diferente, ninguém mais tem – ou quer ter - tempo pra perder de pernas para o ar, no sofá, na busca do
aconchego da voz, da emoção e da falta que todos sentem uns dos outros.Mais
fácil se esconder atrás das tecnologias infames que pedem rapidez, concisão e
pressa. Pressa de terminar. Portanto, de outrora abertos na arte da
locução, voltamos os olhos e a mente para baixo, para a dinâmica dos dedos
voando nos teclados diversos.O olhar, focado na máquina, a confabulação
se demonstra solitária e monótona, sem a alegre intervenção do outro. Conversa de doido, em que apenas um fala e o outro nem em sombras te imagina.
Incrível, nunca falamos
tanto e dissemos tão pouco....
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
I miss you
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Dia do amigo
Encontros acontecem a todo instante cruzando nosso caminho, pulverizando a atmosfera que nos envolve com um delicado lampejo divino e entr...

-
A traição impera de certa maneira no nosso dia começando pelo tempo que prometeu ficar de céu azul e se vendeu aos ventos e chuvas, desa...
-
Na primeira vez me chamou a atenção um pé de sapato solitário perdido na beira do mar. Era de homem, e devia estar no fundo do oceano al...
-
Descobri que estou sempre de malas prontas, não importando a viagem. Ao meu alcance, a bolsa do dia a dia que carrega em si as esperanças...
Um comentário:
Verinha...é incrivel a veracidade das tuas palavras....é bem assim msm!! Adorei! beijo
Postar um comentário