Praia deserta nestes dias invernais com cheiro
peculiar de marisco, de ressaca do mar cor de chocolate. E de repente, um homem
sentado numa cadeirinha de praia na solidão da areia molhada e esquisita, de
pés descalços no frio de 10 graus e ventinho gelado.
O que faz este homem debruçado ao chão recortando uma grande
lata quadrada com um alicate e outras ferramentas bem masculinas...Passei ao
largo cumprimentando o desconhecido com meio sorriso receoso, tentando entender
o que ele queria com aquilo, neste local tão inusitado. Repassando, rodeando,
indaguei o que fazia ele com aquela lata..recortando-a. A resposta foi evasiva,
indireta, quase nada. Disse-me ele que estava Inventando algo para distrair e
não podia fazer barulho no apartamento...
Legal, recortar lata na praia, com barulhinho para espantar
mergulhões, garças e quero-queros...Afinal ! O silêncio não é para todos, assim
como a solidão.
Para mim o silêncio é imperativo e ensurdecedor se é que dá
para entender isso. Ao longe o rugir do mar e os meus pensamentos ora
gritantes, ora calmos, ora sem eles, que às vezes é bem bom. Esquisita eu,
esquisito o homem da lata...rodeando seu invento e fazendo barulho no silêncio,
Deixo para trás esta praia cor de chocolate com visual
indescritível para quem só conhece a praia lotada de corpos bronzeados,
guarda-sóis e cheirando a protetor solar. Esta paisagem é quase selvagem de tão
solitária e mágica. E paro de pensar no homem que recorta lata na beira do
mar...
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O homem da lata
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3 comentários:
Verinha, parabéns!!! Sei do teu desejo de escrever, e o mais incrível , eu desconhecia este teu dom. Esta crônica tem a tua cara. Posso ver, na minha imaginação, todo o cenário que descreveste. Continua, Vera, continua, tens um mundo novo nas palavras.
Beijos
Inês
Ôi Verinha!
Puxa, legal, não conhecia este teu lado de escritora. Dizem que quem canta seus males espanta. Penso que isto vale também para as palavras. Elas nos auxiliam tanto a exorcizar demônios, quanto a poetizar sobre a vida. Beijo grande! Eliane
Vera,
Escrever se aprende escrevendo...tem frases lindas ali. Constroe teu estilo e segue em frente
bjs
Ana Ggoelzer
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