domingo, 24 de novembro de 2024

Gosto amargo

 

Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoje não distingo como sendo de minha escolha ou, se foi, sumiu sua capacidade benfazeja e, aparentemente, submergiu todo o sentido, empalideceu seu entorno, desmereceu a cor do dia enevoando a lembrança e obstruindo o caminho em curso.

Quase ao mesmo tempo deste momento incomum surgiram tantas possibilidades de escolha e descarte estonteando o momento e deixando meu coração apertado frente a batalha em ir ao cabo do mundo, tomar novos ares, dar apenas um giro ou andar de terra em terra até me assentar.

Na grande mesa de vidro da vida as alternativas se alinhavam multifacetadas e com tanta rapidez que pareceu impossível estancar o passo e analisar a melhor escolha me deixando sem ação na apresentação caótica me dando a impressão que nenhuma daquelas rotas me faria caminhar.

Resolvi seguir em frente com a mente vazia de sentido, tomar novos ares, confiando que deveria palmilhar rotas iluminadas, desconhecidas, silenciosas e que reverenciassem o espirito. Assim fiz.

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