Não são apenas as contas da
vida em curso que anda se acumulando nesta paradeira e que, amontoadas na
gaveta, gritam por socorro de quitação, porém, em muitos casos, inexiste a
possibilidade de cumprimento da rotina. Os menos afortunados acham por bem
tentar se livrar da miragem ameaçadora e empilham de qualquer jeito os atrasos,
outros organizam por data e outros ainda planejam como se livrar do mal na
tentativa de aproveitar o momento e fazer girar a roda da fortuna.
Na contrapartida dos
problemas reais também se acumula contas a pagar nos sentimentos uma vez que,
com o afastamento de quase todos ou de muitos, sobram questões mal ou não
resolvidas no tabuleiro e as cartas vão se embaralhando a medida que o tempo
avança para um final desconhecido.
Com os nervos dando sinal de
colapso sobra tempo – também – para se fazer questionamentos sobre a Vida, esta
trajetória que para muitos é efêmera e que afirma que assim como aqui estamos,
ali adiante não mais faremos parte de nada e como se nada houvesse acontecido
viramos pó. Para outros, a certeza do fim dá ânimo para agradecer ao privilégio
da oportunidade de fazer, ou, pelo menos tentar, que a passagem seja cumprida á
risca, sem subterfúgios e sem fugir da raia traçada.
Com o andar da carruagem os
espaços estão mais vazios e os pensamentos de sofrimento em relação à
existência vão se espraiando, avançando na alma acumulando muitas perguntas sem
resposta. Os atores e os coadjuvantes do passado se tornam protagonistas do
agora e por este motivo urge, aparentemente, que as soluções sejam rapidamente
aventadas. A distância é como uma lente de aumento dos problemas e com uma
progressão geométrica incalculável as gavetas da alma seguem em acumulo
progressivo de questões que passaram batido. É tempo de se acercar da
alternativa de redenção e perdão a si mesmo, em primeiro lugar, e aos
pressupostos, e alguns verdadeiros algozes da Vida de cada um.