Não sei porque ando pensando
nos caminhos últimos que engendrei por aqui e senti que existe algo que não foi
exatamente como eu imaginava, como se na caminhada na beira do mar em um dia
ensolarado eu tenha me deparado com um mar furioso aparentando calmaria, uma
terra fofa traindo meus pés cansados, tatuíras enormes rasgando os meus dedos,
múltiplas conchas quebradas e pontiagudas atrapalhando o andar que deveria ser
lento e agradável e, na mira, siris que deixaram sua carcaça em terra firme. Com
este sentido de contrariedade eu encontrei naquele cantinho secreto de boas
lembranças um desacerto que, aparentemente, eu não havia me dado conta.
A partir desta sensibilidade
apontada com tanta propriedade me debrucei sobre este sentido - ou falta dele -
exposto a mim em um dia comum, parando para pensar onde foi que atravessei o
samba da vida, em que momento eu tropecei no dia que por aqui sempre se
apresenta cerimonioso e cordato e eu, certamente, sigo o seu ritmo, evitando
quando ele sai do prumo, lhe acompanhar.
Muitas vezes decido sair do
roteiro como forma de arejar meu pensar que muitas vezes se condensa em um
mesmo assunto sem que eu possa o tirar dali me deixando confusa na aceitação
dos fatos que a todo momento perambulam pelo tempo. Para remediar, toco fogo na
ideia, apago e jogo as cinzes no mar, porém, aparentemente, o imperceptível se
agrandou e me traiu.
Neste dia insólito de
pensamentos resolvi parar para encontrar o espinho que fere minha alma, mas o
que encontrei foi um rastro confuso que misturava inúmeras possibilidades de
desacordo que me seguiram por entre tantas outras maiores, melhores, menores e
piores. Decidi deixa-las constando na minha cartilha como apenas um
sobressalto.

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