domingo, 14 de dezembro de 2025

Me enganei

 


Não sei porque ando pensando nos caminhos últimos que engendrei por aqui e senti que existe algo que não foi exatamente como eu imaginava, como se na caminhada na beira do mar em um dia ensolarado eu tenha me deparado com um mar furioso aparentando calmaria, uma terra fofa traindo meus pés cansados, tatuíras enormes rasgando os meus dedos, múltiplas conchas quebradas e pontiagudas atrapalhando o andar que deveria ser lento e agradável e, na mira, siris que deixaram sua carcaça em terra firme. Com este sentido de contrariedade eu encontrei naquele cantinho secreto de boas lembranças um desacerto que, aparentemente, eu não havia me dado conta.

A partir desta sensibilidade apontada com tanta propriedade me debrucei sobre este sentido - ou falta dele - exposto a mim em um dia comum, parando para pensar onde foi que atravessei o samba da vida, em que momento eu tropecei no dia que por aqui sempre se apresenta cerimonioso e cordato e eu, certamente, sigo o seu ritmo, evitando quando ele sai do prumo, lhe acompanhar.

Muitas vezes decido sair do roteiro como forma de arejar meu pensar que muitas vezes se condensa em um mesmo assunto sem que eu possa o tirar dali me deixando confusa na aceitação dos fatos que a todo momento perambulam pelo tempo. Para remediar, toco fogo na ideia, apago e jogo as cinzes no mar, porém, aparentemente, o imperceptível se agrandou e me traiu.

Neste dia insólito de pensamentos resolvi parar para encontrar o espinho que fere minha alma, mas o que encontrei foi um rastro confuso que misturava inúmeras possibilidades de desacordo que me seguiram por entre tantas outras maiores, melhores, menores e piores. Decidi deixa-las constando na minha cartilha como apenas um sobressalto.

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